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Os torcedores brasileiros são extremamente exigentes e saudosistas. Tenho ouvido murmúrios pelas ruas daqueles que não se conformam com a contagem dos mil gols de Romário. Para eles, só Pelé teve capacidade real para chegar a grande marca e, mais que isso, passar com quase novos 300 gols.

Não concordo com essa lamentação e muito menos com a tese de que o encanto do futebol brasileiro seja uma decorrência da era Pelé, apenas.

Muitos dos torcedores internacionais – em praticamente todos os países do mundo vê-se alguém usando a camisa canarinho, sem ser brasileiro – que vibram com a seleção brasileira nunca viram os times do tricampeonato mundial. Até mesmo a imprensa dos Estados Unidos, que desconhece a história do futebol, fala da seleção brasileira com um respeito quase religioso.

Há dois anos, quando voltei a Disneylândia de Los Angeles, visitei uma loja especializada em objetos curiosos, como cópias dos sapatinhos vermelhos de Dorothy, usados por Judy Garland no filme O Mágico de Oz; réplicas do piano tocado no filme Casablanca; roupas de Elvis Presley e por aí afora. No canto esportivo da loja, dezenas de objetos ligados a praticamente todos os esportes, como bolas, raquetes, uniformes, etc. e um pôster da seleção brasileira com o título: "O melhor time do mundo".

O que destacou o nosso futebol, através dos tempos, não foi apenas o rosário de títulos conquistados, mas o famoso toque de bola dos nossos jogadores. Isto é banal para nós, mas para o resto do mundo é algo surpreendente e encantador.

Coloquem-se no lugar de quem assistiu pela primeira e, provavelmente, única vez na vida, os passes de Didi, os dribles de Garrincha, os lançamentos de Gerson, os elásticos de Rivelino ou os gols de Pelé, Romário, Ronaldo, Zico, Ronaldinho e tantos outros.

Pura magia para quem estava acostumado a ver jogos de futebol defensivos, sem arte, sem graça, apenas submetidos a rígidos esquemas táticos nos quais se privilegiava a força física.

Foi graças aos craques sul-americanos que os europeus começaram a mudar e, hoje em dia, podem se orgulhar do futebol que estão apresentando. Observem que até o campeonato inglês melhorou e dá para assistir aos seus jogos pela televisão.

E aí está Romário, o sumo-sacerdote da grande área do futebol moderno, as portas do milésimo gol. Será mais um dado favorável ao exuberante retrospecto do futebol cinco vezes campeão do mundo.

O fato do ano futebolístico passou a ser a conquista pessoal do grande craque e, 2007, entrará para a história como 1969, ano em que Pelé marcou o seu milésimo gol no Maracanã, contra o Vasco, curiosamente o clube pelo qual Romário chegará a incrível marca.

Hoje, no Maracanã, pouco importa o que farão Vasco e Flamengo já que todos os olhos do planeta estarão voltados para Romário e o seu encantado gol mil.

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