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André Malraux, escritor e ministro da Cultura do governo Charles de Gaulle, disse certa vez: “O século 21 será religioso, ou não existirá”.

Bom seria se pudéssemos acrescentar que o século 21 será religioso e esportivo. No contexto da frase do intelectual francês o esporte poderia ser incluído pelo seu espírito de guerra. O combate está entranhado no DNA da raça humana, ou no sangue, como se dizia. Os antigos campos de batalha que escreveram a história com sangue foram transportados para os estádios, as piscinas, as pistas e os homens continuaram lutando entre si, só que de maneira simbólica.

Dentre todos os esportes, o futebol é o que reflete melhor o comportamento da sociedade e do indivíduo: assim como um guerreiro da luz precisa unir o seu talento individual com o dos seus aliados, um time só pode ganhar se cada jogador conseguir equilibrar a confiança em si mesmo com o respeito aos companheiros no campo.

Em momentos de intensa paixão, de vontade de brilhar, é preciso ter coração quente para ir além dos próprios limites, e a mente fria para saber dividir uma bela jogada com alguém que se encontra em posição mais privilegiada. Quando isso acontece, todos são vencedores.

Como acontece na vida, ninguém jamais é capaz de prever o resultado de um jogo. Ali está o inesperado, a força bruta, às vezes vencendo a arte, o mais incapaz conseguindo, num momento único da partida, a vantagem que o levará adiante e deixará o mais talentoso fora do torneio.

O interessante na vida real é que ela é feita de surpresas, tanto a vitória ou a derrota que não merecemos pode nos destruir, nos ajudar, ou nos ensinar duas grandes lições.

A primeira lição é impedir que o excesso de confiança enfraqueça a necessidade de resistir ao adversário, correndo o risco de levar um gol que encerrará todos os sonhos.

A segunda lição é arriscar, pois se ficarmos preocupados em não perder jamais poderemos ganhar. É preciso saber usar, como dizem os antigos alquimistas, o rigor e a misericórdia, a disciplina e o talento. Sem coragem, a disciplina passa a ser recuo, e o talento individual, egoísmo.

Como dizia Gandhi, “a coragem é a maior de todas as qualidades, a única virtude que um homem pode ousar atingir”.

Voltando à religiosidade do século 21, no exercício de futurologia de Malraux, o novo componente é o terrorismo fundamentalista.

Por muito pouco o Stade de France não foi explodido pelos fanáticos terroristas que atacaram Paris.

Oitenta mil pessoas assistiam ao amistoso entre França e Alemanha e se os homens-bomba tivessem conseguido penetrar no estádio a história do futebol mudaria para sempre.

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