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Criado pelas elites, o futebol brasileiro demorou para ser verdadeiramente democratizado, tanto dentro como fora de campo. Dentro de campo, os jogadores dos primeiros times faziam parte da alta sociedade carioca e paulista; fora, obviamente os cartolas – daí o apelido, pois se usava cartola e polainas na primeira metade do século passado – também pertenciam à classe alta e tomaram gosto pelo mando.

Com a absoluta profissionalização do futebol, os jogadores melhoram o status, porém apenas no concernente aos ganhos financeiros, já que politicamente jamais intervieram na administração dos clubes. As raríssimas exceções serviram apenas para confirmar a regra geral.

Nos últimos vinte anos, com a comercialização do futebol como um dos espetáculos mais prestigiados do planeta, ampliou a imagem dos clubes e dos craques, graças a televisão, a internet e outras plataformas de mídia. Como consequência, os ídolos alcançaram fama global e prestígio para influir na gestão do extraordinário negócio que envolve bilhões de dólares por temporada.

Na Europa com Platini, Beckenbauer e outros no comando de clubes e entidades, os jogadores passaram a ter voz nas decisões importantes. Aqui, finalmente o grande mudo falou. Usando a palavra, os jogadores lançaram manifesto que exige respeito pela integridade física da classe e garantia da qualidade dos espetáculos com a elaboração de um calendário esportivo decente e racional.

O calendário apresentado pela CBF para 2014 foi o estopim de tudo, pois se já era ruim ficou pior. Todos se voltaram contra esse verdadeiro lixo que é lixo com apenas quatro dias para a realização da pré-temporada.

Se for mantida a proposta da CBF, que nem sequer ouviu clubes e federações para tomar a decisão, os principais times chegarão a disputar 83 partidas no ano que vem. Só para exemplificar, os argentinos jogam 69 vezes por ano, os espanhóis 62, os italianos 58 e os alemães 55.

Os mineiros, com o estadual enxuto com apenas 15 datas, e o Atlético têm servido como exemplo. No caso do Furacão a experiência da pré-temporada longa deu bons resultados, porém não se tratou de decisão cientifica e sim político-financeira em relação a verba destinada pela televisão para a transmissão do estadual.

A favor da diretoria atleticana, além do sucesso da equipe no Campeonato Brasileiro, está o fato de que em 2000 e 2001 o clube começou a tendência de uma pré-temporada mais elaborada com a escalação do "Ventania" para o início do estadual, enquanto os titulares se condicionavam para as fases decisivas na conquista do bicampeonato, a Libertadores e as competições nacionais.

O movimento Bom Senso FC tem tudo para dar certo, pois é unânime a rejeição ao atual calendário entre jogadores, preparadores físicos, treinadores e dirigentes dos maiores clubes.

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