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Por mais que Paraná, Atlé­tico e Coritiba se esforcem para deixar o torcedor paranaense entristecido, o as­­sunto dos últimos dias foi a chuva incessante. Frio e chuva, uma combinação irresistível.

Sei de remotas eras que o guardachuva, ou a sombrinha, foi in­­venção dos chineses. Nada de novo, presumo, pois só poderia ser mesmo. Os chineses inventaram quase tudo, inclusive o futebol, aprimorado e sistematizado pelos ingleses.

Mas só mesmo com paciência chinesa para usar guardachuva. Devo ter perdido uns vinte. Usar es­­se tipo de apetrecho exige um ti­­­po de paciência que nem sempre existe na linha de montagem biológica da maioria.

Para caminhar pelas ruas em dia de chuva no meio da multidão, todos devidamente munidos de seus paraguas, como di­­zem os gringos, exige calma e boa direção. Levanta aqui, enviesa ali adiante, sobe outra vez, desvia, pula para trás porque o ônibus está passando ao lado e jogando água na calçada.

Após tanto sacrifício é muito natural que o estranho objeto seja esquecido com facilidade. Não sei quantos guardachuvas tive e muito menos do primeiro. Deve ter sido para ir ao grupo escolar, pois naquele tempo não existia a mordomia de os pais levarem os filhos à escola.

Sempre que chove bastante, torrencialmente, lembro dos meus tempos de repórter de campo. Não tinha moleza: chapéu, capa e guardachuva correndo atrás da notícia e dos entrevistados. Era guardachuva numa mão e microfone na outra. Os microfo­nes sem fio nunca deram certo, pois a interferência de tantas emissoras reunidas no mesmo lo­­cal impede o seu uso com boa qualidade sonora. Tinha de ar­­rastar o fio ou pedir a ajuda de algum auxiliar para carregar a maleta de transmissão. A cada mês era um par de sapatos que ia para o espaço, desmanchado nos gramados do Alto da Glória, Vila Capanema, Baixada, Vila Guaíra, Guabi­rotu­ba, Taboão ou Taru­­mã.

E havia os choques elétricos. Quanta risada quando os técnicos de som ficavam com os cabelos arrepiados ao instalar os equipamentos na beira dos gramados.

Paro de escrever e olho na janela: não para de chover. A chuva deixa a rua lisa, tão perigosa quanto os campos de futebol. Os carros vão freando, as luzes se acendendo e a chuvinha fina da noite continua.

A mesma chuva que deixa a bola lisa, ingrata com os goleiros menos avisados. O gramado, escorregadio e encharcado, prejudica a condução da bola para o passe ou para firmar o pé de apoio no momento do lançamento ou do arremate final.

A chuva cai vertical, de lado ou de frente. De qualquer jeito atrapalha e molha quem caminha pela rua ou tenta jogar futebol. Mas ela é boa para a lavoura, para o pasto, para as represas e para lavar as calçadas da cidade.

O melhor da chuva vem no fim, quando as águas se vão e o céu volta a ficar azul com o surgimento do arco-íris, prenunciando a volta do tempo bom.

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