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O futebol tornou-se um esporte extremamente popular no mundo inteiro porque o torcedor, antes de tudo, é um lúdico. Entra ano, sai ano e o torcedor renova-se como eterno otimista, vibrando com as notícias em torno das contratações de reforços feitas pelo seu time de coração e esfregando as mãos quando encontra algum amigo que se identifica com o time adversário. A provocação, a brincadeira e a gozação integram o excitante processo de ludismo.

Aliás, tão importante quanto ver o seu time vencer é ficar sabendo que o rival mais tradicional perdeu. Esta, pelo menos na visão do torcedor fanático, é a lógica das coisas no mundo da bola.

Diz-se que a profissão do brasileiro é a esperança, daí o sucesso dos mais variados tipos de jogos e apostas que campeiam por este imenso país. Ensinam as tradições – e que não são nossas, mas se mes­­clam com o inconsciente coletivo – que se costuma sonhar com carneiros saltando intermináveis cercas. Pois bem: o carneiro – que simbolicamente é Jesus, "Cordeiro de Deus que tirai os pecados do mundo" – leva o número do grupo 7, conta de mentiroso e considerado cabalístico por vários povos.

Tanto que sete foram as pragas do Egito, as maravilhas do mundo, os pecados capitais e os dias da criação. Mas, de todos os jogos, aquele que mais mexe com a estrutura mental do povo é o futebol. Na­­da afeta tanto o humor da maioria do que o resultado de uma partida de futebol. Basta ver a cara da moçada na segunda-feira: os vencedores sorrindo e os perdedores de mau-humor. Dá-lhe gozação!

O lúdico e o lúcido se confundem no emaranhado de emoções provocado pelo futebol. E nessa parte quem tenta encarar as coisas do futebol com lucidez leva de goleada do brinquedo emocional representado pela magia da bola.

Os analistas tentam revestir os seus comentários com um pouco de lógica, fazendo máximas epigramáticas e prestando o seu culto ao concretismo, movimento literário que nos provoca a lógica e a funcionalidade. O montinho artilheiro, o goleiro frangueiro, o juiz ladrão, o sobrenatural de Almeida, todo esse arsenal de fantasias e acidentes durante uma partida é que traduzem a verdadeira essência e a realidade do futebol.

Por mais que façamos exames e avaliações em torno das equipes, sem esquecer das inúteis estatísticas tão em voga, o que marca, verdadeiramente, o jogo da bola, são critérios absolutamente lúdicos. Ou os detalhes, se preferirem.

E, como dizem os alemães: "o diabo pega pelo detalhe". Portanto, com a bola rolando todo cuidado é pouco, pois é Deus e o diabo na terra do sol.

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