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Após dois campeonatos e sete rodadas, o Coritiba deixou a liderança, e os torcedores passaram a prestar atenção no que está em disputa.

Trata-se da interrupção de longa supremacia do Coxa sobre o Atlético, com o detalhe que, desta feita, um representante do interior mantém-se invicto e será exatamente o adversário do ainda grande favorito.

O Cianorte terá a oportunidade de mudar a história do campeonato se conseguir a façanha de quebrar a invencibilidade do Coritiba nos estaduais. Não será tarefa fácil, afinal o time de Marcelo Oliveira saiu mordido de campo, não digeriu bem o empate com o Rio Branco e certamente colocará todo o peso na partida desta noite. Para vencer, basta que os atacantes não desperdicem tantas chances de gol como no último domingo.

Por outro lado, o novo líder tem o jogo ainda indefinido com o Corinthians-PR que, até que enfim, voltará a chamar-se J. Malucelli, pois não ganhou nenhum torcedor com a mudança de nome.

Será um teste interessante para o técnico Juan Carrasco e sua equipe, que se encontra em fase de maturação e com muita gente achando que ele poderia abdicar de um atacante para experimentar Harrison e Martín Ligüera lado a lado.

Efabulativo

Nos bons tempos em que as torcidas do futebol paranaense dividiam, civilizadamente, os estádios em dias de clássicos e não se praticava barbárie nas ruas que, lamentavelmente, já antecedeu o primeiro Atletiba do ano, o clima era de graciosa descontração.

Na Boca Maldita, por exemplo, que foi reduto de políticos, autoridades, profissionais liberais e esportistas durante décadas – hoje em dia a Boca não tem nenhum brilho e qualquer resquício de inteligência –, os debates eram acalorados na véspera dos grandes jogos, porém sempre com pitadas de humor.

Recordo de dois personagens que se infiltravam entre os principais oradores da menor avenida do mundo, reunidos em dois expedientes: às 11 da manhã e no final da tarde: Ouvidor Pardinho e Morrinho Artilheiro.

O primeiro era um senhor baixinho, bem arrumadinho, provavelmente funcionário público aposentado, atleticano roxo, que sempre usava na lapela o escudo do Furacão ou, dependendo do paletó, o cartolinha estilizado. Como era quase mudo e apenas resmungava, mas teimava em participar das discussões, era contido pelos demais que pediam para ele acalmar-se e ouvir mais do que tentar falar. Daí o apelido Ouvidor Pardinho.

O segundo era outro baixinho, atarracado, com traços eslavos e com muito vigor na defesa de seus pontos de vista, especialmente quando alguém o provocava por ser coxa-branca. Como ele era insistente e passava o tempo todo dando voltas tentando entrar na roda dominada por atleticanos, ficava na pontinha dos pés e gesticulava pedindo a palavra, até que uma alma bondosa concedia:

– Deixa o Morrinho Arti­­lheiro falar...

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