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Existem torcedores que pensam que o cronista sente as mesmas emoções. Ou seja, o torcedor vibra com o desempenho do seu time e não fica triste com a desgraça dos adversários.

Ao escolher a profissão, o cronista convive com pessoas ligadas a todos os clubes, vive diversas experiências através dos anos e, sobretudo, conhece as virtudes e os defeitos de cada um. Com isso, separa bem as coisas, respeitando os sentimentos dos seus leitores e ouvintes. Quanto mais imparcial maior é a audiência.

A reação do profissional de futebol no calor de uma partida é bem diferente daquela manifestada pelo torcedor que se divide entre as vaias e os aplausos, dependendo do resultado.

Há, também, quem pense que o cronista sente prazer em falar mal dos clubes, dos times e de seus jogadores. Como se gostasse quando o futebol do Paraná, por exemplo, estivesse muito ruim. Como se o cronista achasse formidável perder um domingo no estádio ou diante da televisão para ver um espetáculo de má qualidade. É claro que não é assim.

O ideal seria que as nossas equipes sempre estivessem re­­cheadas de bons jogadores, que vencessem com frequência e que facilitassem o nosso trabalho. É muito mais fácil elogiar do que criticar. A mim agrada muito mais ver o atual time do Coritiba jogar, podendo enaltecer a atuação de seus jogadores, do que sofrer junto com o time do Paraná, que se encontra seriamente ameaçado pelo rebaixamento.

Para um futebol carente como o nosso, com o cruel ca­­lendário imposto aos times do interior e com uma fórmula de campeonato longa e sem apelo popular, a queda do Paraná significará verdadeiro desastre. Como, aliás, já representam la­­mentável perda as ausências de praças importantes como Lon­­drina, Maringá, Guara­­pua­­va, Foz do Iguaçu e, agora, no­­va­­mente Cascavel.

Disputando a vaga com os tradicionais Paranavaí e Rio Branco, o Tricolor se encontra no limite e qualquer descuido poderá ser fatal. Para tentar identificar os problemas que conduziram o Paraná a esta in­­comoda posição, seria necessária a promoção de completo le­­vantamento do passado re­­cente do clube, invariavelmente envolvido em má gestão, limitações financeiras e incapacidade administrativa no departamento de futebol. O in­­ventário paranista passa, ne­­cessaria­­mente, por discussões profundas sobre a nova realidade do clube, que nasceu gi­­gante e per­­deu-se pelo meio do caminho.

Mas o fato é que o risco de no­­­­va queda, agora estadual, le­­va a realidade muito mais longe do imaginário que, apesar das circunstâncias dramáticas, impedem conselheiros e dirigentes a encará-la de frente.

Parece que muitos esperam por um milagre, como aconteceu em outras ocasiões. Se o milagre não acontecer desta vez, larga-se o santo e parte-se à procura de outro padroeiro. Mas não se pode esquecer as responsabilidades passadas e futuras.

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