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Acredito que a única coisa mais difícil do que chegar ao sucesso é conviver com ele sem encher a cabeça de vaidades. A humildade, infelizmente, parece ser uma inimiga ferrenha do sucesso.

Já houve tempo em que o sucesso demorava, era fertilizado diariamente por quem o buscava, era acariciado, cultivado com a mesma dose de carinho e esperança. Um dia ele chegava e batia num cara preparado para recebê-lo porque esse cara vinha de longe na sua busca. A chegada do sucesso não pode acontecer de supetão, porque atinge um sujeito despreparado. É isso que está aniquilando o nosso pobre futebol. E o processo de mediocrização do esporte mais popular do planeta não se verifica apenas em nosso país. Parece ter tomado conta de todo o continente.

A imprensa argentina lamentou envergonhada a suspensão do clássico Boca Juniors e River Plate, pela Libertadores. No intervalo da partida em La Bombonera um torcedor jogou spray de pimenta nos jogadores do River Plate que saíam do túnel de acesso ao campo. É o que escrevi outro dia sobre as profundas diferenças entre os campeonatos europeus e os sul-americanos. Além de termos decaído tecnicamente, também desmoronamos em outros quesitos.

Os clubes brasileiros vivem em um mundo de fantasia com o acumulo de dívida astronômica, algo em torno de R$ 5 bilhões, quase toda ela resultado de obrigações fiscais que deixaram de ser recolhidas.

É uma dívida criada pela irresponsabilidade gerencial de dirigentes que, livres de obrigações legais, comprometem receitas, envolvem as agremiações em operações financeiras de lastro duvidoso, hipotecam o patrimônio – enfim, tudo ao contrário do que recomendam os bons manuais de administração.

É até engraçado acompanhar o noticiário de três gigantes do futebol brasileiro atolados em dívidas e eliminados na Libertadores durante a semana: Corinthians, São Paulo e Atlético Mineiro. Cada um chora do seu jeito. Os corintianos porque foram desclassificados de forma humilhante pelo frágil Guarani, do Paraguai. Agora os dirigentes prometem enxugar a folha para não quebrar o clube que já deve um caminhão de dinheiro pelos compromissos assumidos com a construção da Arena Itaquera para a Copa.

Salários irreais para técnicos e jogadores também atrapalham os planos da maioria dos clubes, mas os cartolas continuam enchendo a boca com este abominável reinado de mentira no futebol.

A mídia eletrônica, ávida por audiência, tem sido conivente com a ilusão de que qualquer jogador brasileiro que seja convocado para qualquer seleção organizada no país mereça o título de craque, ou a coroa de novo rei. Está aí Dudu, do Palmeiras, para confirmar o verdadeiro mundo paralelo do futebol com a realidade nacional. É preciso que se tome uma providencia para abaixar um pouco a bola dessa gente.

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