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Tão grave quanto a politicagem, a corrupção e o despudor dos políticos e administradores públicos, é a certeza da impunidade. Está aí o notório senador Renan Calheiros de volta à presidência do Senado como se nada tivesse acontecido. Pior: com o apoio do seu partido e da bancada que forma a base aliada do governo.

Tão grave quanto o absurdo da construção de futuros elefantes brancos em Manaus, Natal, Cuiabá e Brasília é o custo das obras com recursos financeiros oficiais e a certeza de que tudo ficará por isso mesmo. Para formar opinião da insensatez da edificação do novo Estádio Mané Garrincha, em Brasília – com custo superior a R$ 1 bilhão –, no principal clássico da capital federal, entre Gama e Sobradinho, o público foi de apenas 2.753 pagantes.

Lembrando que os Estaduais continuam um fracasso, inclusive o Paulista em matéria de frequência, que se paga graças ao poderio econômico do estado através de patrocinadores que exploram a imagem dos grandes times.

Há seis anos, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, anunciou a escolha do Brasil como sede do Mundial, ante uma comitiva de governadores, parlamentares e dirigentes esportivos, capitaneada pelo então presidente da República, Lula, que a festejou como uma ótima oportunidade de negócios e uma excepcional plataforma comercial e propagandística do país.

Foi firmada a matriz de responsabilidades dos governos federal, estaduais e municipais, que se responsabilizaram pelas obras.

Faltando menos de 500 dias para o pontapé inicial da Copa, o panorama no que se referem ao cronograma das obras dos estádios e dos badalados benefícios para a população em geral através da mobilidade urbana, ampliação dos aeroportos, portos, segurança... é constrangedor. Até a Arena do Atlético, que foi escolhida porque já estava com 70% da infraestrutura pronta, apresenta dramático atraso em sua reconstrução.

Se a administração pública brasileira fosse capaz, racional e respeitasse o dinheiro do povo em vez de construir novas arenas em capitais onde o futebol não tem o mesmo apelo dos grandes centros, Curitiba poderia ter a sua praça esportiva multiuso para atender as necessidades de todos os clubes. Bem, daí os cartolas de Atlético, Coritiba e Paraná sairiam no tapa na hora de escolher o local em que ficaria cada torcida no estádio comunitário.

Caros leitores, concluí, dolorosamente, que não adianta criticar ou apresentar alternativas para mudar o pensamento dessa gente. Ao relembrar que, nos vilarejos da Espanha durante a guerra civil, sempre que morria alguém, os sinos das igrejas davam uma badalada, o grande Ernest Hemingway escreveu: "Não perguntes por quem os sinos dobram. Eles sempre dobram por ti".

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