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Quando o futebol pentacampeão, tido como fonte inesgotável de craques, elege o argentino Conca como melhor jogador do campeonato, requer uma pausa para meditação.

Alguma coisa deve estar errada, afinal acabamos de testemunhar o fracasso da seleção na Copa, a eleição de Adriano como o pior estrangeiro da temporada italiana e o retumbante vexame do Internacional no Mundial de Clubes, quebrando uma tradição de meio século.

Que o nosso futebol anda em baixa não há duvida, mas o que chama a atenção é a escassez de bons jogadores de meio de campo e, sobretudo, a ausência de jovens goleadores. Os times tentam se garantir com veteranos artilheiros e poucos são aqueles que chamam a atenção. Nem mesmo Jonas chega a ser novidade, pois o principal goleador do torneio está com 26 anos de idade.

Mas se existem culpados, estes não são os jogadores e sim os dirigentes e treinadores, especialmente das divisões de base, que se descuidaram na descoberta e preparação dos novos talentos. Privilegia-se o surgimento de jogadores altos e fortes para marcar e destruir, desprezando-se os habilidosos, criativos e que possam jogar nos níveis de excelência de Con­ca e Montillo. Ora, se a Es­­­pa­nha e o Barcelona barbarizam com armadores da estirpe de Iniesta e Xavi, por qual ra­­zão o nosso futebol tem de se contentar com essa epidemia de cabeças de área?

E o Internacional foi humilhado nas semifinais do Mun­­dial de Clubes por não ter conseguido apresentar futebol de alto nível. Antes, pelo contrário, taticamente foi uma equipe mal colocada em campo e que piorou a cada nova substituição promovida pelo treinador Celso Roth.

A defesa colorada, que nunca foi grande coisa, jogou em linha e mostrou furos individuais, além do excesso de marcadores e "pegadores" em de­­trimento de organizadores na meia-cancha. A grande decepção foi D’Alessandro, um jogador tecnicamente irregular, mas que mantinha toda a confiança do técnico e dos dirigentes. Ele simplesmente desapareceu em campo, submetendo-se à marcação dos lépidos africanos que mataram a partida nos contra-ataques. O resto ficou por conta da inabilidade dos atacantes brasileiros na hora da verdade, confirmando a nossa tese de que o problema é grave e começa na base do futebol brasileiro.

Sabemos que existem alguns bons jogadores por aí, mas infelizmente continuamos muito carentes em relação aos craques, através dos quais o futebol do país construiu a sua imagem vencedora.

Devemos ter a cautela de não exagerar nas nossas exigências, pois tudo isto pesa nos ombros e nas pernas dos jogadores. E, sobretudo, na cabeça.

Mas tornou-se imprescindível uma cruzada da imprensa no sentido de resgatar a beleza do nosso futebol. Não dá mais para aguentar as desculpas esfarrapadas dos técnicos após os fracassos dos times e, sobretudo, da seleção brasileira.

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