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Os 30 anos do exercício de futurologia do filme De volta para o futuro agitaram o imaginário coletivo. Muitos juram que viram o De Loren dirigido pelo lépido MacFlay voando por aí. Desde o começo dos tempos, brinca Woody Allen, o homem vive às voltas com algumas dúvidas insuperáveis: quem sou eu, de onde vim – e onde será que vamos jantar esta noite.

Ainda mais do que isso, o que as pessoas querem saber de verdade é o que lhe reserva o dia de amanhã. A busca insaciável do futuro, velha como o medo e a esperança, faz a felicidade dos tarólogos, jogadores de búzios, quiromantes, astrólogos, cartomantes e videntes de todas as categorias. Quando se trata de mexer com o desconhecido, jamais alguns deles perdeu dinheiro subestimando a credulidade alheia.

Se o futuro já está pronto e acabado em alguma misteriosa dimensão das coisas, podendo portanto ser conhecido por qualquer vidente cinco estrelas, então não vale a pena conhecer algo que não se poderá modificar. Ou, se o futuro só fica pronto quando acontece, como dizem os partidários da ideia de que são as pessoas, a cada escolha feita, que vão construindo sua história, então é impossível conhecer algo que se modifica sem cessar.

No fundo muita gente intui que não existe saída para esse paradoxo. Do contrário, bastaria ter uma bola de cristal bem ajustada para enxergar o futuro. Como vivemos no presente e a cada instante ele vira passado, começamos a sentir saudades do futuro.

No que nos concerne, a preocupação é com o futuro do futebol. A Fifa vai acabar com a própria corrupção? A CBF vai criar vergonha na cara e permitir que os clubes criem um calendário melhor como acontece nos país mais desenvolvidos? A seleção do Dunga tem conserto? O Paraná vai conseguir sair da crise vendendo quase tudo o que tem? Time de futebol, quando morre, vai para o céu? O Coritiba conseguirá escapar do rebaixamento mais uma vez? O Atlético vai parar de construir coisas e dar um jeito no seu time que não ganha título há seis anos e virou caixa de pancada do Coxa?

Sem chance de voltar para o passado e com tantos problemas no dia a dia do presente estamos sentindo muita falta do futuro. O presente está ficando chato e o futuro incessantemente necessita do presente. Vivemos a luminosa e tumultuosa tragicidade do presente, projetando dias melhores para o futuro. Há pessoas que parecem não se preocupar com isso vivendo o “presente contínuo”, uma espécie de trem que está numa linha que não tem princípio nem fim.

Mas o trem da nossa vida só pode ser contínuo se continuar sempre, e para continuar tem que saber de onde vem e para onde vai.

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