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O futebol paranaense está numa encruzilhada. Ou, por outra, os maiores clubes estão no limiar de novos tempos. Porque os times do interior passaram a viver quase que, única e exclusivamente, da intervenção de investidores que tocam o futebol com visão comercial. Foi-se o tempo da vaquinha para pagar um bicho extra na vitória espetacular, do livro de ouro para construir mais um lance de arquibancada ou os mecenas que tiravam dinheiro dos seus próprios negócios para ajudar o time da cidade.

Com o Paraná as voltas com os dramas da Segundona nacional e, agora, também da estadual, a du­­pla Atletiba passou a enxergar os tempos difíceis que se prenunciam.

Difíceis na medida em que os clubes dos grandes centros estão se fortalecendo com as verbas pagas pela televisão, pelo poder de conquistar patrocinadores expressivos e, ultimamente, a arregimentação de sócios para preencher os novos estádios em construção.

Como a economia do país melhorou, os clubes brasileiros estão conseguindo retardar a saída de profissionais da qualidade de Neymar e Ganso, por exemplo. A possibilidade de sucesso da agremiação é maior do que se ostentasse elenco medíocre. Com o tempo, reforçam suas finanças, engrandecem a marca e entram num círculo virtuoso.

Atlético e Coritiba procuram o caminho, cada um a seu modo e conforme os humores de suas idiossincrasias, pois mesmo sendo da mesma cidade apresentam-se como irmãos diametralmente opostos.

A personalidade atleticana é de rompantes, acompanhados de gestual majestático que nem sempre resultam em final feliz. Até pelo contrário, quando dispõe de dinheiro em caixa – como é o caso presente – parece que os dirigentes se perdem, revelam incompetência e fazem uma porção de coisas erradas.

Nos tempos bicudos da grana curta, os atleticanos eram mais humildes, mais unidos e, talvez por isso mesmo, se fortaleciam, sobreviviam e cresciam naturalmente, fazendo a torcida aumentar independentemente da conquista de títulos.

Com a Arena da Baixada, patrocinadores e robusto quadro social em vez de decolar, o Furacão estacionou na cabeceira da pista. Por causa de interesses conflitantes, brigas internas e, sobretudo, a ousada aventura de servir como palco de jogos para a Copa de 2014. O embate nos bastidores reflete-se nitidamente no desencontro do time em campo.

A personalidade coxa-branca é de comedimento, organização, muita atenção às categorias de base, seguida de planejamento cuidadoso que mesmo assim não evitou grandes desastres, como os recentes rebaixamentos nacionais.

Percebendo que só radicalizando conseguirá enfrentar os tempos difíceis que surgem no horizonte do futebol brasileiro, o Coritiba parte para uma mudança transcendental: trocar o Alto da Glória pelo Pinheirão.

Será um passo ousado e definitivo do clube para os próximos 100 anos.

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