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Milhões de paranaenses foram privados de assistir ao Atletiba, assinalando de forma negativa mais um capítulo desse estrambótico futebol paranaense. Pelos resultados dos principais jogos da rodada – vitórias de Londrina e Coritiba – eles decidirão o título, domingo, no Estádio do Café.

É profundamente lamentável o que anda acontecendo com o Atlético e o psicólogo do clube mandou avisar que não tem tempo para atender a torcida, muito desanimada e sem uma explicação lógica para o abandono da luta pelo título estadual, o único realmente ao alcance do clube. Confesso que fiquei com saudade daquela época em que acompanhávamos os clássicos entre Atlético e Coritiba na velha Baixada, na Vila Capanema e, principalmente, no Alto da Glória. Foi lá no Alto da Glória que se registraram alguns dos maiores momentos desse jogo eterno, tanto em confrontos ordinários quanto em decisões extraordinárias.

Vi, diversas vezes, o Coxa jogar melhor, vencer, golear ou ser campeão em cima do maior rival, do mesmo jeito que também vi, diversas vezes, o Furacão jogar melhor, vencer, golear ou ser campeão em cima do maior rival. E tudo em tempos nos quais os dirigentes eram esportistas acima de tudo, respeitavam o público pagante, as tradições do clássico e dividiam os estádios em partes iguais.

Recordo da final do campeonato de 1968, na Vila Capanema, quando o Coritiba tornou-se campeão no último instante do jogo, com o antológico gol de empate assinalado por Paulo Vecchio. Realizei as entrevistas no gramado – era repórter da TV Iguaçu-Canal 4 e o vídeotape da decisão foi ao ar logo em seguida. Para tentar chegar o quanto antes até à redação da Tribuna do Paraná, que ficava na Rua Barão do Rio Branco próxima à Câmara Municipal, para escrever a matéria, fui a pé e testemunhei a torcida atleticana, cabisbaixa, de um lado da Rua Engenheiros Rebouças e do outro, comemorando a conquista, a torcida coxabranca, sem nenhuma provocação, nenhum incidente e um contingente policial que seria considerado ridículo diante da violência de agora. Não houve qualquer incidente.

Imaginem, hoje em dia, as torcidas lado a lado nas ruas, depois de uma final de campeonato. Teríamos quantas mortes?

Recordo das finais de 1983 e 1990 com o Atlético festejando os títulos em pleno Alto da Glória com as torcidas separadas nas arquibancadas apenas por uma cordinha, sem nenhum tipo de incidente que merecesse registro. E mais: as cadeiras também foram divididas, meio a meio, nas sociais cobertas. Bons tempos. Velhos tempos que, infelizmente, não voltam mais.

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