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Certa vez, um camponês en­­controu no chão um filhote de águia que havia caído de uma árvore muito alta. Com pena da ave, acomodou a aguia­­zinha no galinheiro, onde ela foi crescendo e aprendeu a se comportar exatamente como as galinhas.

Certo dia recebeu a visita de um naturalista que achou aquilo muito estranho: "Este pássaro não é uma galinha, é uma águia", disse. O camponês retrucou: "Não. Ela foi uma águia quando nasceu, mas hoje se comporta e é uma galinha".

O naturalista pediu então para libertar a águia e foi com ela conversar: "Você sempre foi, é e sempre será uma águia. Você nasceu para voar muito alto, para ser a maior de todas as aves, a mais po­­derosa. Você não é uma galinha".

A águia olhou para baixo, viu as galinhas e pulou para o chão delas. O camponês comentou: "Não lhe disse? Ela perdeu o espírito de águia e agora é uma simples galinha". O naturalista não se conformou: "Não. A natureza dela não é essa. Amanhã vamos levá-la para o alto de uma montanha, e ela voará como uma águia que é".

Levaram a águia até o alto da montanha e o naturalista repetiu: "Vamos! Você foi feita para vencer. Voe. Seu espaço não é o chão de um galinheiro". A águia passou a bater as suas enormes asas, e depois de algumas tentativas frustradas e de muito medo conseguiu alçar pe­­quenos vôos. Mais um pouco e ela se sentiu com coragem para voar em direção ao sol e ao céu, e realizar o seu projeto de vida, para o qual havia sido criada.

Esta história que circulou o mundo – e que inspirou Leonardo Boff a escrever um livro – é atribuída a um líder que despertou em seu povo, o valor que até então não acreditavam possuir, e os libertou do medo de ser feliz. A águia e a galinha convivem em nós.

O Paraná Clube tem na sua essência muito desta águia dourada – aliás, seu símbolo original, rabiscado no famoso guardanapo que gerou a fusão, e depois trocada pela Gralha. Sua envergadura patrimonial continua no topo do ranking, como o maior clube es­­portivo, social e recreativo do Sul, e um dos maiores do Brasil.

Não se contesta sua condição de águia. Há de se lembrar apenas que, durante os anos dourados da década de 90, um camponês que o presidia, recebeu o brevê do Clube dos 13 para tirá-lo do chão, com a licença de voar no espaço destinado às aves especiais. Era a luz que faltava e que se fazia por merecer.

Inocente, porém, o simplório camponês foi induzido por um vizinho que alertava sobre o perigo de voar naquele espaço. O bondoso homem optou então para que sua ave continuasse ciscando no cárcere dos excluídos. E até hoje o cardápio desta águia se restringe a pe­­quenas bicadas nos bichinhos da terra, enquanto o filhote do vizinho alça, com todos os méritos, o vôo planejado.

O Paraná precisa de um naturalista que tenha a sensibilidade, força e carisma do autor desta história, para desfrutar do habitat que é, de justiça e de direito, seu: o espaço das aves majestosas. Ainda há tempo.

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