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Dizem que o estado do Paraná carece de tradição regionalista, e que nunca houve nenhum movimento para criar uma identidade de apego. Por isso, entendem alguns, a nossa tradição cultural é lembrada mais por algumas expressões patenteadas como leite quente, piá e timidamente pelo barreado e o fandango.

Mas isso não significa que sejamos andarilhos em busca da impressão digital para o território onde nascemos – emancipado que foi de São Paulo há 154 anos. Não. Não há carência e não nos faz falta o ufanismo. Pelo contrário, o Paraná é um estado multicultural, cuja identidade é, talvez, não ter tanta identidade. E o fato de ser um estado aberto sintetiza o próprio país em relação ao resto do mundo. O que é, diga-se, um exemplo progressista. E isso é bom.

No entanto, o cerco de vizinhos que em algumas áreas estendem seu bairrismo para além das fronteiras, às vezes dificulta. É o caso apaixonante do futebol. Por mais que se queira comungar com uma visão universal da sociedade, é estranho saber que em certas regiões os torcedores – numa esmagadora maioria – estão sintonizados com equipes de outros estados.

Dia desses vi no programa Bem Amigos, do canal SporTV, músicos de uma banda falando sobre futebol. O apresentador Galvão Bueno perguntou a eles para quem torciam. Três eram corintianos e um palmeirense. Tudo bem, mas a banda é de Londrina, e a pergunta não se referia a clubes de São Paulo. Achei estranho, embora sabendo, claro, da forte influência paulista na região. Acredito que, no fundo, esperava que al­­gum deles mencionasse pelo me­­nos o Tubarão.

Esta campanha lançada pelo Coritiba é válida. O slogan (Amo minha terra, torço pelo meu estado), é um tanto piegas, mas a ideia faz sentido. Na prática e em curto prazo, é muito difícil mudar a cabeça de um jovem que carrega a herança cultural trazida há tanto tempo por tropeiros gaúchos, agricultores paulistas e comerciantes da Região Centro-Sul. Ago­­ra, só é possível popularizar nossos clubes fora de Curitiba se, além da campanha, eles conquistarem títulos marcantes.

O bom Carrasco

Assisti, profissionalmente, aos jogos do Atlético no ano passado e no Regional de agora. O time atual não é nenhuma quintessên­­cia, até porque o teste para valer será amanhã em Cianorte, e de­­pois no clássico marcado pa­­ra a quarta de cinzas. Mas o trabalho de Juan Carrasco até aqui o diferencia de todos os medalhões que por lá passaram – e não foram poucos.

Atacar com dois pontas ofensivos, recuperar Bruno Mineiro e lançar oito meninos da base, é, no mínimo, um ato de coragem. Ah, ganhando ainda quatro jo­­gos seguidos. A chegada de Car­­rasco pode representar ainda o sal na lesma da ciranda inflacionária criada pelos "professores" brasileiros.

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