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É claro que para o leitor e para quem escreve o foco de todo espetáculo deveria ser o artista e sua obra, e não os promotores do show e aquilo que se passa ao redor. Infelizmente, e ao contrário do que deveria, a luz de palco está projetada sobre o dirigente, árbitro, treinador, e por aí vai. O filé mignon do espaço midiático do futebol acaba ficando para eles. O rodapé de página para o atleta.

Acontece que no garimpo dos fatos, a falta de brilho de novos talentos do campo, dá lugar às pérolas cultivadas fora dele, nos gabinetes. A última vem do italiano Domenico Scala, presidente do Comitê de Auditoria da Fifa, que fala de reformas para resgatar a credibilidade da entidade.

Scala propõe que o presidente e membros da Fifa e de vários outros comitês possam ter no máximo três mandatos de quatro anos. Ou seja, podem ficar até 12 anos. Ou ainda, durante três Copas do Mundo.

Dia desses, o poderoso Joseph Blatter, o senhor dos anéis de Zurique, disse em alto e bom som: “aos países que queiram sediar as Copas a partir de 2026 (sic), a Fifa também promete exigir que cumpram acordo da ONU que impede a corrupção em obras públicas...”

O público procura saber o que se passa com o artista da bola. Eu, nós todos, mendigamos um bom futebol. Buscamos no campo a alegria dos dribles impossíveis, jogadas improváveis e golaços. É o que provoca a paixão pelo esporte de um modo geral, e pelo futebol em particular. Começando pelas crianças que vestem as camisas com o nome do seu ídolo.

No entanto, cadê o ídolo, onde está o craque? Não temos craques, não temos ídolos. Há sim projetos de craques, com muito brilho nas chuteiras, mas com desempenho à luz de vaga-lume – que acende e apaga, apaga e acende.

O craque de verdade mergulha fundo no futebol. Pelé foi campeão mundial aos 17 anos. Não parou nunca. Treinava muito. Maradona, Zico e Messi, foram perseverantes desde criança. Foram incentivados a criar, driblar, improvisar. O que hoje, estupidamente, os “professores” das escolinhas tolhem. O sentido de coletividade vem depois.

Não tenho nenhuma vocação para crítico voraz, amargo, muito menos desleal. Procuro não demonizar as coisas. Mas na função de crítico, há que se ter rigor na análise, para que os melhores justifiquem a razão de ser melhores.

Não consigo ver neste Campeonato Brasileiro nenhum jogo excepcional. Nenhum jogador fora de série. Aquele que desequilibra. Que encanta. Que possa ser chamado de craque.

Os “jogaços” que dizem estar acontecendo nada mais são do que partidas velozes e previsíveis como na velha Inglaterra. Empolgam, talvez, aos fãs de filme de ação, onde o protagonista é irreal. Eu prefiro a comédia dramática, com grandes atores.

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