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Difícil apontar culpados e delicado seria citar nomes. Acho injusto, por exemplo, o linchamento tácito contra o ex-presidente do Paraná Clube José Carlos de Miranda

Quando soube hoje [ontem] que o Paraná Clube vai leiloar o antigo campo do Palestra Itália para pagar dívidas – e já indignado pela venda do campo do Britânia – rebobinei o filme até chegar à fusão. A primeira coisa que pensei foi no golpe da herança: o sobrinho espertalhão administra os bens da velha tia abonada e bota tudo a perder.

Na fusão Colorado e Pinheiros – onde ambos tinham dotes – o casamento foi um sucesso. O Paraná Clube era auditado por um Conselho Normativo com poder orientador, o que assegurava uma administração transparente. Foi um vencedor exemplar na primeira década.

Talvez por descuido ou desinteresse desse mesmo Conselho Normativo, as portas ficaram vulneráveis para agiotas, parceiros, palpiteiros e outros. Eles não batem na porta do Arapiraca ou Íbis. Então, essas caridosas almas franciscanas vieram para a Vila contribuir com sua fé...

Louvo a coragem da atual gestão do clube de assumir o ônus de dívidas geradas por administrações anteriores a sua. Ao mesmo tempo, lamento pela família tricolor não ter sido encontrado uma solução para quitar as dívidas senão com a perda de outro patrimônio.

Difícil apontar culpados e delicado seria citar nomes. Acho injusto, por exemplo, o linchamento tácito contra o ex-presidente Miranda. A história nos enche de exemplos: cria-se um bode expiatório, e os verdadeiros algozes livram a cara. O caso Thiago Neves, sem prova alguma de dolo, não foi quem provocou o desequilíbrio financeiro do clube. O não pagamento de tributos, de direitos trabalhistas e a inadimplência de obrigações com terceiros é que adoeceram o corpo contábil do clube, e isso vem de várias gestões.

É evidente que a situação do Paraná Clube não é a única. Ela está sim escancarada, mas não atenua o fato de fazer parte da epidemia que se alastra pelos maiores clubes do futebol brasileiro. A empresa de auditoria e consultoria BDO, que fez um balanço das finanças dos clubes brasileiros, aponta uma dívida de R$ 3,86 bilhões. Os quatro grandes do Rio e o Atlético-MG encabeçam o rol dos maiores caloteiros do nosso futebol.

O Paraná Clube não consta na lista dos 30 maiores devedores, mas é um dos poucos que está dilapidando o patrimônio para pagar dívidas. Os outros clubes dão o famoso jeitinho e a vida do futebol brasileiro segue nesta roda-viva de pequenos e grandes golpes do baú. Uma pena.

Carnaval

"Menos purpurina, menos bundas, menos dentes para fora. A harmonia vem da evolução, não das alegorias. Como será amanhã? Responda quem puder." (Vinícius de Moraes)

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