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Recolocar o Paraná na Série A é uma ideia incontestável. A forma, porém, pela qual se pretende fazer isso, pode ser discutível. Na vida, não se deve fazer nada a qualquer custo. Existe a chamadalei do retorno , que serve para tudo e para todos. Quando a mosca azul sobrevoa, ataca e pica, poucos resistem. A maioria sai da casinha. Delira. Se perde.

Não sou contra a ousadia. Muito pelo contrário, entendo que pecamos mais pelo excesso de cautela, do que pela coragem. E Curitiba é referência nisso, onde os automóveis formam filas, uns atrás dos outros por obediência, como se a mudança de pista fosse transgressão. Não, não é isso. Há que se ousar, sim. Antes da ousadia, porém, é necessário planejar com transparência e solidez. Com princípios, meios e fins. O fato de ganhar título, ascender de categoria é muito interessante. Podar na curva, ultrapassando em faixa dupla, não.

Há momento em que a motivação impera e o investimento no escuro, em alguns casos, até se justifica (Eurico Miranda é campeão nesse quesito). Se não há sequência no trabalho e metas bem definidas a médio e longo prazos, tudo não passa de uma conquista efêmera. O querido Aziz Domingos, de um coração enorme, motivou o Colorado com o famoso Seleboca . Reconquistou uma torcida apaixonada, mas não havia planos futuros. Foi apenas um sonho passageiro.

Na tomada do poder da atual diretoria tricolor, veio a mudança administrativa – o que é natural –, mas aí começou a caça às bruxas, o que não me parece um ato de inteligência. Até porque, apesar do respeito e da idoneidade de alguns componentes do Paranistas do Bem, não soube até agora de nenhum planejamento profissional.

Antes da renúncia do ex-presidente, o Paraná vivia uma situação de incrível paradoxo. Atolado em dívidas e com um plantel modesto, avançava por outro lado em projetos bem calibrados, fortes e em fase de conclusão. A meta de 15 mil sócios, o “fechamento” de 12 patrocinadores, a parceria com três grupos internacionais – árabes, chineses e russos –, e o novo estádio, não era megalomania fantasiosa, mas sim metas bem trabalhadas e sem alarde.

Com a queda do muro de Bohlen, esses projetos, ao que me consta, ruiram. Por quê? Será que faltou inteligência, ou quem sabe sobrou rancor para não aproveitar o que de bom estava sendo construído? Diga-se, sem nenhuma interferência do ex, e com todos os méritos somados para os atuais dirigentes.

O grande vilão da sociedade ainda é o semelhante. Nosso inimigo não é o elemento externo, é o mais próximo. Assim acontece com os partidos políticos que se mutilam, famílias que rompem, cartolas que boicotam uns aos outros. Por isso tanta dificuldade em prosperar.

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