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As imagens de uma partida de futebol transmitidas pela televisão chegaram a um estágio absurdo de qualidade. No meu caso, assisto em casa pela tevê e eventualmente vejo a olho nu nos estádios. Quando estou na cabine, faço uso dos dois recursos: ao vivo e pelo monitor. A cada jogo que acompanho – profissionalmente ou não – as dúvidas de interpretações só aumentam. Seja a cruel linha de impedimento, a indecifrável mão na bola ou bola na mão, ou então a maliciosa simulação de falta ou falta de verdade.

O alcance para interpretações chegou a tal ponto que a perfeição técnica ajuda e ao mesmo tempo confunde. O registro do contato entre jogadores detalha, por exemplo, um leve raspão de chuteira como se fosse uma entrada criminosa. O apoio involuntário de braço nas costas toma muitas vezes a dimensão de um golpe de arte marcial.

O futebol é um esporte de choque. Dentro do campo nem sempre o contato físico é tão forte e desleal quanto parece no vídeo, em zoom, slow e na repetição. Pior, o suposto agredido sabe que o recurso da televisão pode lhe dar vantagem. É onde brota o exagero, a valorização do lance, a simulação e a malandragem. No mínimo a polêmica está criada. Nem sempre a farsa é desmascarada. Isso tudo tira um pouco da graça do futebol.

Por outro lado, porém, a tecnologia trouxe – além da beleza fotográfica de ângulos incríveis – o mais importante: não há mais espaço para as entradas de fato desleais e maldosas, que abreviaram a carreira de tantos craques, sem a devida punição de antes da era televisiva. Hoje as câmeras escancaram os atos de violência, e o antigo jogador chamado de "carniceiro" é uma espécie em extinção. Felizmente.

Drops

Leônidas da Silva, eleito o melhor jogador da Copa de 1938, completaria ontem 100 anos. O chocolate "Diamante Negro" – apelido comercializado com o craque – concorria, lá pelos anos de 1950, apenas com o "Sonho de Valsa". Foi o sonho de consumo da gurizada. Não tive o privilégio de vê-lo jogar, mas se o chocolate era bom, tenho de certeza que Leônidas foi excepcional.

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Contra o Botafogo, o Coritiba foi um angu de caroço. O time (maravilhoso) perdeu a cara. O desmanche começou com a saída de Rafinha.

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A pré-temporada atleticana não foi por planejamento, mas sim por retaliação contra a FPF. Importante é que deu certo. Tem gás e estrutura técnica para ganhar do Vasco e terminar o turno em segundo lugar. Incrível.

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O Paraná Clube pode chegar hoje a 39 pontos. Sabe qual o segredo de Dado Cavalcanti? Trabalho repetitivo, setorizado, troca de passes em espaço reduzido e sem treinamento coletivo. Dado mira na lua para atingir o pássaro. Busca o mais do que perfeito para chegar ao bom. Está ótimo.

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