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No futebol como na vida, há aqueles que se tornam vencedores graças apenas ao talento que possuem. Outros são envolventes a tal ponto que a competência mediana não os impede de alcançar o êxito. Penso que a parcela do primeiro grupo seja maior. Mesmo assim encontramos muitos medíocres que, por um bom espaço de tempo, ocupam lideranças.

É preciso diferenciar líderes envolventes e motivadores, de talentosos e de carismáticos. O motivador, que envolve e seduz, em geral é tiro curto. Espécie de bombeiro que vem para apagar o fogo. O carismático é bem diferente. Ele é como um imã. É simples e iluminado. É dotado de uma energia positiva e superior.

Pessoalmente, não conheci nenhum carismático vingativo, chegado à fofoca, cheio de lamentação ou arrogante. Carisma é o talento natural de influenciar pessoas para o bem-estar. Todos querem se aproximar delas. Existe um erro quando se pensa que para liderar um grupo as pessoas precisam ser rígidas e severas. Nada disso.

Pois bem. No esporte e em todos os segmentos, encontramos famosos, e por serem famosos são enquadrados com substantivos diferentes. E os exemplos são muitos. Sócrates (jogador) não era carismático, mas esbanjava talento. Dunga era motivação total. Para Garrincha sobrava carisma e talento. Por isso foi completo.

Políticos, dirigentes e técnicos nem sempre são enquadrados corretamente. Collor foi motivador; Tancredo, carismático. Arzua e Jofre, assim como Saldanha e Paulo Machado de Carvalho, fo­ram altruístas. Então, carismáticos. Tinham o poder de perpetuação.

Bem, hoje nas vitrines da bola destaco Ranato Gaúcho, Muricy e Mano Menezes. O técnico da seleção é equilibrado. Gentil. Não é o perfil do motivador tiro curto e tem certo talento. Mano não chega a ser carismático. Renato é talentoso. Também estilo motivador. Ambos preenchem quesitos para objetivos específicos.

É muito difícil encontrar hoje "o cara". Aquele que preenche tudo. Dentro de minha ótica, quem mais se aproxima (como técnico) é Muricy Ramalho. Disse ele outro dia: "Volantes hoje devem exercer o papel de armador. É o único espaço livre que so­­bra. Não basta marcar". Está correto. Ramires é fôlego, e Lucas Lei­­va é força. Falta-lhes aquele algo mais, para marcar e armar, como faziam outrora Clodoaldo e Falcão. Ou, hoje, Hernanes e Arouca.

Muricy é uma espécie de Adoniran Barbosa do futebol. Fala a linguagem do jogador. Vai direto na jugular. Sem rodeios, é o condutor perfeito para o trem dos onze. Um cara do Bixiga, do Brás, sei lá ô meu! Simples, desdenha o motivador prático. Ganhou dez títulos em dez anos, graças ao talento e ao carisma que carrega. Mano, porém, deve continuar.

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