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Até que ponto o chefe da delegação brasileira tem influência fora de campo, para o êxito ou fracasso dentro dele? Será que apagar incêndios ou afrouxar o cinto pode influir nos resultados da seleção em campo? Afinal de contas, Vilson Ribeiro de Andrade vai transitar pela mesma canaleta de Felipão e Parreira, ou será a rainha da Inglaterra durante o Mundial?

Há três modelos de chefes que passaram pela seleção brasileira e me vêm na lembrança: o que conhece tudo de futebol e tem carisma administrativo – caso de Paulo Machado de Carvalho (58 e 62), o Marechal da Copa; o deslumbrado e inconsequente, que usa o cargo para atender o ego – exemplo de Nabi Abi Chedid (86); o observador sereno e preciso – como foi Weber Magalhães (2002). A pergunta é: qual o perfil em que melhor se encaixa Ribeiro de Andrade?

Na verdade o significado do cargo mudou bastante. Paulo Machado de Carvalho – o dirigente mais respeitado na história do futebol brasileiro – recebeu o convite de João Havelange para chefiar a missão um ano antes da Copa da Suécia. "Arme tudo como quiser, você tem carta branca", disse o presidente da CBD (hoje CBF). O "doutor Paulo", como era chamado na época, tinha a lucidez suficiente para administrar tudo, desde a inclusão de Garrincha e Pelé no time principal (estavam na reserva) até a grandeza de compor o "Plano Paulo Machado de Carvalho", com a colaboração de jornalistas com experiência no futebol. Deu certo e o Brasil ganhou dois títulos seguidos.

Resumindo: o responsável "fora de campo" não faz e nem toma gols, mas pode influir sim no resultado final. Para melhor ou para pior.

Vilson Ribeiro de Andrade foi nomeado para o cargo um mês antes de começar a Copa. Não lhe foi facultado o direito de traçar plano algum para ganhar o hexa. Suas obrigações, portanto, restringem-se ao compromisso protocolar de representante da CBF na Granja Comary, nos estádios e viagens durante a Copa. É pouco? Se comparado ao "Marechal da Copa", sim. É bastante, porém, pela exigência de se ganhar um título que escapou em 1950 que, sem comando, permitiu o oba-oba de políticos na véspera da decisão.

Vilson deve, no meu entendimento, manter a linha que Weber Magalhães adotou na chefia da delegação durante a Copa de 2002. Com a diferença de que naquela Copa Ricardo Teixeira era o protagonista. José Maria Marín não sabe ser. Também porque Vilson é mais polido, inteligente e diplomático do que o brasiliense do penta.

Sugiro que o presidente do Coritiba tenha daqui para frente O Marechal da Vitória como o seu livro de cabeceira. Inspira e dá sorte.

Bem, queira ou não, Vilson Ribeiro Andrade está hoje no alto cargo da seleção mais vitoriosa do planeta. E é bicho do Paraná. Boa sorte, presidente!

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