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Dois problemas afetam a maioria dos clubes brasileiros: a mudança constante de técnicos e a valorização exagerada dos mesmos. Neste quesito a situação é delicada. Os salários estão completamente distorcidos. É incompatível com o esporte, e mesmo com ou­­tras profissões, a remuneração de um grupinho top de treinadores.

Chamados de "professores" – embora a maioria nem formado seja –, este círculo fechado e rotativo estabeleceu um patamar salarial de dar inveja a Bill Gates. Tam­bém é aviltante o abismo que há entre seus ganhos e a de professores de outras áreas.

Para se ter ideia, o salário do professor brasileiro é o terceiro pior do mundo, segundo a Unesco. A média paga no Brasil para esta nobre profissão é de apenas U$ 5 mil por ano (R$ 660,00 por mês). Na Argentina paga-se o do­­bro, e na Finlândia, que lidera o ran­­king, o ganho médio anual é de U$ 60 mil.

Enquanto isso, com prancheta na mão e apito na boca, a remuneração dos "professores" – Felipão (R$ 700 mil), Joel Santana (R$ 270 mil) e Celso Roth (R$ 300 mil), para citar apenas alguns – chega à média absurda de R$ 370 mil por mês. Ressalve-se, claro, que a culpa não é deles, e que na profissão muitos são irretocáveis, tanto no co­­nhecimento quanto na dignidade, caráter e ética, como por exem­­plo Marcelo Oliveira, Ricardo Gomes e Ney Franco, entre outros.

Tite, do Corinthians, disse outro dia, sem se excluir, que "é uma profissão valorizada de forma irreal", e completou: "Como téc­­nico, ga­­nho acima do que merecia. Prefiro trocar toda essa valorização financeira por estabilidade".

Quanto à rotatividade, há que se pensar em algum dispositivo que impeça este descontrole. Re­­na­­to Gaúcho deixou o Atlético. Ale­­­­­­gou saudades da família, praia e amigos no Rio. Ganhava em torno de R$ 250 mil, o que será repassado para Antônio Lopes, que por sua vez entra (pela quarta vez) na ciranda. E assim a roda vai girando com o aval administrativo dos clubes. E estes empanturrados de jo­­gadores indigestos. A solução mais simples é a troca de treinador, co­­mo se fosse fralda geriátrica descartável. Na verdade, os clubes perderam o controle do esfíncter.

Agosto, mês do desgosto

Como dizia Zawadski, nosso velho professor de latim, sempre com aquele riso sardônico logo no primeiro dia de aula depois das férias: "Acabou a moleza. Hoje co­­meça agosto, o mês do desgosto".

Para o "trio de ferro", o mês passado foi cinzento como o terno surrado do nosso mestre da época. Coritiba, Paraná e Atlético, juntos, somaram 26 dos 60 pontos disputados no período. O Atlético pecou pelo exagero de empates (quatro), o Paraná por perder em casa (duas) e o Coritiba pelo excesso de zelo antes de matar cada jogo.

Entramos em setembro. Não há tempo para reflexão. Daqui para frente serão três meses implacáveis para definir que rota seguir: purgatório, inferno ou paraíso.

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