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O acidente que matou Eduardo Campos nos remete a catástrofes no âmbito esportivo que tiveram grande repercussão internacional. As mais impactantes, que eu lembro, atingiram o Torino, em 1949, e o Manchester United, em 1958. O desastre aéreo do Torino provocou uma comoção jamais vista na Itália. Meio milhão de pessoas foi às ruas homenagear a melhor escola de futebol da década, onde reinava o imortal Mazzola. A cidade de Turim eternizou seus ídolos, sob todas as formas imagináveis. Uma coisa linda.

O avião que levava o Manchester United caiu em Munique, e ao contrário da tragédia italiana, deixou sobreviventes. Entre eles o cerebral Bobby Charlton, campeão mundial de 1966. Os jogadores que morreram estão com seus nomes cristalizados pelo clube e pelo povo manchesteriano. No Estádio Old Trafford há uma placa como homenagem póstuma. Um ato de dignidade, respeito e gratidão àqueles que vieram, fizeram as pessoas felizes, e se foram como um cometa.

A morte em si não é uma tragédia, mas a forma e a ocasião como certas pessoas morrem, fulminadas muitas vezes por acidente ou infarto, chocam a opinião pública. Foi assim com Gilberto Cardoso, um carismático flamenguista que assumiu um clube caindo pelas tabelas. Ajustou as finanças, arrumou o time, foi tricampeão carioca, e investiu em outros esportes, como o basquete. E justo no clímax por uma cesta nos últimos segundos contra o Sírio, no Maracanãzinho,

Cardoso sofreu o golpe fatal: morreu no auge da emoção, torcendo pelo clube. Em sua homenagem, aquele ginásio passou a ser chamado de Gilberto Cardoso. Belíssima ideia, gravada para sempre.

Trajetória muito semelhante teve Jofre Cabral e Silva, quando tirou o Atlético do fundo do poço, para colocá-lo na vitrine nacional. Jofre, que já havia revolucionado o Clube Curitibano e criado o Santa Mônica, social e materialmente, faria o mesmo com o Furacão. Custou-lhe a vida o amor espontâneo que teve pelo clube, sem nada pedir em troca. Nem sequer um busto foi levantado em sua iluminada passagem pela vida.

Dirceuzinho, que começou no Coritiba, soma o maior currículo entre todos os jogadores nascidos no Paraná, também teve morte trágica, num acidente de carro. Sua mágoa foi jamais ter sido homenageado na sua cidade. Nem em vida, nem após a morte.

Existe muito em comum quando acontece uma tragédia. A comoção entre as pessoas, a dor que atinge os mais chegados, e as homenagens às vítimas. Homenagem póstuma é um ato de gratidão tributado àqueles que transcendem. É um estalo de grandeza de quem o presta. Os jogadores do Manchester e do Torino e o presidente do Flamengo foram devidamente respeitados. Jofre e Dirceu, até agora, não.

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