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Há momentos na vida nos quais necessito de flexibilidade, fugindo dos valores tradicionais rígidos, e dando preferência à liberdade e ao prazer. Por isso, na sexta-feira fatal, dia da eliminação, resolvi ir de ônibus comum para o Estádio Mandela Bay.

Misturado ao torcedor normal, vi muita gente com camisetas verde e amarela, mas, curiosamente, a maioria delas não era nascida no Brasil.

Cenas como estas já vi em outras Copas, mas somente agora refleti sobre a homenagem espontânea e única que se presta ao Brasil. País algum no mundo recebe tal deferência de pessoas comuns e de diferentes hábitos e culturas. Quando Armstrong colocou o pé na Lua, por exemplo, o povo saiu pelas avenidas com camisas dos EUA? Não.

Essa coisa única, inexplicável, mundial, só acontece mesmo com o Brasil, ou melhor, com o futebol brasileiro. E quando a seleção perde, o mundo fica sem graça. Triste. Vira uma quarta-feira de cinzas. O tal day after. A flor murcha.

No final do jogo, fui para a chamada zona mista, espécie de curral, onde os atletas se espremem num pequeno labirinto e são bombardeados pelos repórteres. Não fui para perguntar, pois não há explicação para o inexplicável. Fui para captar expressões.

Holandeses aparentemente gigantes em campo, tinham cara de adolescentes. Júlio César se mostrou educado e equilibrado; Felipe Melo, aparentando ne­­nhu­­ma culpa; e Lúcio, o mais abatido. Como podem esses protagonistas, humanos como quaisquer outros, mexerem tanto com a emoção de milhões de pessoas mundo afora? Há algo mágico nisso tudo. Um pouco de angústia, tristeza e desânimo faz parte da vida. Mas neste caso, a mente dá um baile na gente.

O Brasil e o mundo precisam de alegria. E a seleção brasileira é referência nesse quesito. A cara do treinador é o reflexo do grupo. O que nós precisamos mesmo é de alguém no banco com a seriedade de Felipão, com a lucidez de Telê Santana e o carismo de Maradona. Alguém como João Saldanha. Afinal, seriedade sim, acidez mental não.

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