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| Foto: Oto/EFE

Sob todos os aspectos, este grande "tira-cisma" contra a Espanha, é a melhor coisa que poderia acontecer para o futebol brasileiro, historicamente no topo do ranking e agora na rabeira entre as seleções de ponta. Poucas vezes tivemos consciência de nossa inferioridade. Talvez a Hungria dos anos 50 tenha sido a última seleção reconhecida pela superioridade individual, tática e técnica. Os espanhóis resgataram no brechó do nosso futebol-arte, o estilo clássico que penduramos no cabide.

A Espanha é um país agradável, mas não posso dizer o mesmo das touradas. Prefiro saborear uma paella, ouvir Sarita Montiel ou ver um filme de Almodóvar. Se eu voltasse a uma arena onde se pratica esse "esporte" medieval, seria para torcer pelo touro. Acredito que o conceito do futebol atual da Roja, seja um bom recado contra a crueldade que polemiza no próprio país. O toque de bola da antiga Fúria é leve, sutil e elegante. Como a dança do toureiro antes do bestial sacrifício imposto ao touro. O futebol espanhol da atualidade não castiga o adversário com jogadas viris e nem humilha com deboche. Simplesmente toureia o jogo com estilo e objetividade.

O Brasil pode ganhar a decisão de amanhã. O time é limitado, porém forte e unido no propósito. Há também o desgaste físico da Espanha. Aliás, sobre o jogo de quinta-feira, houve momentos que pensei numa repetição da Copa de 70: a seleção brasileira elimina o Uruguai e pega uma Itália aos farrapos na decisão – naquele Mundial, só para lembrar, a Azzurra ganhou da Alemanha na prorrogação por 4 a 3 antes da final com o Brasil. Em ambas as semifinais, no México e em Fortaleza, os jogos foram eletrizantes. O filme felizmente não rebobinou, o tempo e os conceitos são outros e o tricampeonato do estádio Azteca continua bem guardado no pen-drive da minha memória. Sem comparações.

A Espanha não é imbatível, mas o conceito atual deles em domar o touro, é o mesmo que tínhamos no passado e que foi para o ralo. Ganhar é sempre interessante, mas rever o futebol-arte é fundamental.

Aniversário de lágrimas

Depois de amanhã, dia 1.º de julho, completa um ano da morte de Diego Henrique Raab Graciero, de 16 anos, adepto da Fúria Independente, ligada ao Paraná. Diego e outros amigos estavam na frente da sede da "organizada", quando o menino foi atingido por um tiro no rosto, depois de uma saraivada de balas – testemunhas afirmam que foram 15 disparos – proveniente da janela de um carro Prisma, de cor branca.

Os assassinos vestiam camisas de uma torcida organizada do rival Atlético. A Delegacia de Homicídios, que cuidava do caso na época, disse no dia seguinte: "A linha de investigação que está sendo seguida é de torcida adversária. Os investigadores estão na rua tentando resolver o caso".

Será que os policiais já voltaram à delegacia com uma solução, ou o povo deve sair em manifesto para mais uma cobrança de justiça?

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