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A praça é a mesma – os bancos, as flores e o jardim não. O chamado padrão Fifa mudou a cara do Maracanã de 1985 para o estilo de arena que ostenta. Naquele ano, o Brasil passava por transformações, depois de longo período sob uma ditadura militar. O primeiro "Rock in Rio", no verão de janeiro, além de evento musical, queria abordar temas mais abrangentes, como a sustentabilidade socioambiental. No último dia de julho, uma final inédita: Bangu e Coritiba decidiriam o título maior do futebol brasileiro.

Nesta época eu estava na TV Manchete e fiz a semifinal no Mineirão. O Galo, favoritíssimo, tinha o brilho de Reinaldo, Nelinho, Luizinho, Paulo Isidoro, João Leite... Um timaço. O empate por 0 a 0 classificou o Coritiba de Heraldo, Gomes e, principalmente, de "São Rafael", que pegou tudo. Foi um domingo épico em Belo Horizonte. O técnico Ênio Andrade não quis voltar para Curitiba para evitar a euforia. Saiu de Minas na terça-feira para a decisão do dia seguinte no Rio.

O bicheiro Castor de Andrade, jogadores e diretoria do Bangu comemoraram o título antecipado com churrasco e tudo de direito. Não foi, porém, o que aconteceu em campo. Na cabine, onde participei com Paulo Stein e Márcio Guedes, espremia-se até o dono da emissora, Adolpho Bloch, torcendo pelo Bangu. Os jogadores do Coritiba não deram ouvidos para as 90 mil vozes que reverberavam no estádio, todos abraçando a causa do time proletário. O Coxa foi o campeão.

Existe uma leve comparação entre aquela final e esta de Flamengo e Atlético. É claro que os tempos são outros e as competições, embora valendo "Libertadores", sejam diferentes. Alguns fatos, porém, lembram 1985. Assim como o Bangu da época, há euforia antecipada no Rio de Janeiro. Já estavam vendendo faixas de "Flamengo Campeão da Copa do Brasil" antes mesmo do primeiro jogo. O palco é o Maracanã e a decisão será numa quarta-feira.

Penso que a chave para o Atlético não esteja na individualidade ou na falta dela. As ausências de Everton e Léo podem ser supridas, por exemplo, com Fran Mérida e Dráusio (Manoel jogando pelo lado direito), ou como Vagner Mancini achar melhor. O segredo está em se divertir com responsabilidade. Com alegria. É o momento em que as pernas não podem travar. O Atlético tem como ganhar o título no Maracanã, mas precisa da cabeça pensante da comissão técnica, e de uma escorada, quem sabe, do pequeno Éderson, escondidinho na bola parada.

Ansiedade

O Coritiba errou muito. Da venda de Rafinha até a dispensa de Marquinhos Santos. O leite quente derramou. Não adianta chorar. Tudo o que resta é esperar pelo melhor e preparar-se para o pior: eis a regra.

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