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 | Felipe Rosa/Tribuna do Paraná
| Foto: Felipe Rosa/Tribuna do Paraná

Júlio César tem duas histórias totalmente distintas com Luiz Felipe Scolari em Copas do Mundo. Em 2002, aos 22 anos, sobrou em uma disputa que pôs os experientes Marcos, Dida e Rogério Ceni no grupo que seria pentacampeão mundial. Para 2014, foi convocado nove meses antes da divulgação da lista oficial, estrategicamente no momento em que a janela europeia fechou e ele acabou condenado à reserva do Queen’s Park Rangers na Segunda Divisão inglesa.

As duas decisões tiveram participação decisiva de Carlos Pracidelli. Preparador de goleiros de confiança de Felipão desde a primeira passagem pelo Palmeiras e há pouco mais de um ano trabalhando no Coritiba, Pracidelli fala da confiança depositada em Júlio César. Da escolha "por um fio de cabelo" que pôs Victor na Copa. E da convocação para trabalhar com Felipão em mais um Mundial.

O Júlio César vem de uma temporada acidentada. Começou na reserva da segunda divisão inglesa, depois foi para um time pequeno de uma liga secundária. Como tem sido feito o acompanhamento dele?

O Júlio César estava na Internazionale e, por motivos que nada tinham a ver com a parte técnica, foi negociado com o Queen’s. Fez um campeonato excelente. Ah, mas o time foi rebaixado! Foi, mas o goleiro é analisado individualmente. Às vezes o time ganha e o goleiro sai fracassado porque falhou em um gol, saiu mal na bola. E às vezes a equipe é rebaixada, mas ele sai enaltecido. Foi o caso do Julio.

Mas aí ele se transferiu para o Toronto, na Major League Soccer. Não é um retrocesso?

Mas foi para uma liga que proporciona a ele as mesmas situações que as outras. Talvez até mais. Ele jogou muito tempo em um time de ponta na Europa, sempre favorito, em que poucas situações de perigo poderiam ocorrer. No Canadá é diferente. O Toronto é um time em formação e muitas situações são criadas a cada jogo. O goleiro é muito mais exigido. O importante é saber que ele será exigido.

O Júlio carrega o peso da eliminação de 2010 e tem na Copa a chance de ser campeão no estádio que ele cresceu. São duas situações a serem trabalhadas durante o Mundial?

O Júlio é superexperiente, foi reconhecido por anos como um dos melhores do mundo. Isso fez com que ele amadurecesse muito. Ele já teve a Copa das Confederações em que foi fantástico. Melhor goleiro, final no Maracanã. Amadureceu ainda mais. Certamente dará uma contribuição muito grande.

Uma das dúvidas mantidas até o dia da convocação foi entre Victor e Diego Cavalieri. Levar o Victor foi uma decisão mais sua ou do Felipão?

A decisão final é sempre do Felipão, mas lógico que ele me ouviu por ser uma vaga que é especialidade minha. Antes de nós, foram convocados 11 ou 12 goleiros [por Mano Menezes]. Nossa preocupação foi definir logo a posição e trabalhamos com apenas cinco sem uma disparidade tão grande entre um e outro.

O que pesou para o Victor?

A performance na Libertadores foi fantástica. Na deste ano o Atlético-MG foi eliminado, mas ele fez partidas fantásticas. Sem falar na do ano passado, quando virou São Victor para os torcedores. Mas a diferença para o Cavalieri foi tão pouca que acabou decidida por um fio de cabelo.

Como manter a motivação em uma posição em que, se tudo der certo, você leva três, mas só um joga?

É supernatural, igual ao dia a dia de clube. Na seleção o nível técnico é muito elevado, isso facilita o trabalho. Peço a Deus que não aconteça nada com nenhum dos três e a gente vá com um só do início ao fim. Para os demais você compensa com trabalhos diários, conversa e confiança.

Teve jogador como o Lucas, que foi a quase todas as convocações do Feli­­pão, e ficou fora da Copa. E jogador que foi chamado uma vez só, caso do Fernandinho, e estará na Copa. Como funciona a conquista de espaço com o Felipão?

A palavra-chave é equilíbrio entre parte técnica, física, pessoal e de grupo. Para jogar uma Copa no seu país, precisa de um grupo forte em tudo. É isso que o Felipão buscou em todas as equipes que trabalha. Às vezes, uma ou duas convocações bastam para um jogador preencher os quesitos analisados.

Para vocês que trabalham com o Feli­­pão, foi surpresa voltar à seleção?

Tínhamos acabado de sair do Palmeiras como campeões da Copa do Brasil e o Felipão tinha inúmeras ofertas para fora do país. O objetivo dele era descansar até o final do ano [2012] e trabalhar no exterior a partir de 2013. Acabou acontecendo a mudança e recebi uma ligação do Felipão dizendo que teríamos uma nova empreitada na seleção. Foi motivo de muita satisfação e surpresa.

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