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O racismo no futebol é tema outra vez, por causa do episódio lá no Peru, envolvendo o Tinga – como todo mundo já sabe, quando o volante do Cruzeiro relava na bola, parte da torcida do Real Garcilaso guinchava como macaco. Não demorou nada e a "indignação explodiu". Já esfria, como sempre.

Aliás, como são constrangedoras várias manifestações de repúdio – especialmente, dos dirigentes. Soam como algo na linha "eu não tiro o chapéu para o racismo". Sério mesmo? Você é contra o preconceito? Que bom.

Tudo jogo de cena, claro. Ninguém quer nem vai atacar de frente a questão. Compreensível, afinal, dá um trabalho danado. Por exemplo, e o racismo no futebol paranaense, que tal?

Liguei para o Dionísio Filho, ex-jogador, ex-técnico e comentarista da Rádio Banda B, só para confirmar uma impressão, meio óbvia até. Em cinco minutos, o Dionga relatou uma dezena de passagens em que foi ofendido nos gramados do Paraná por ser negro. E não mudou nada. Quem frequenta arquibancada sabe. Em 2008, o meia Carlos Alberto, hoje no Goiás, deixou o Couto Pereira e foi até a delegacia registrar um boletim de ocorrência alegando ter sido chamado de "macaco" ao ser substituído num Coritiba x Botafogo.

Lembro também da passagem do Givanildo Oliveira pelo Atlético, em 2006. Não foram poucas as vezes que ouvi (ninguém me contou) declarações preconceituosas sobre o fato de o treinador ser nordestino (pernambucano). De alguns torcedores, amigos e colegas de imprensa.

Oliveira lidava ainda com um "agravante". Não apenas é nordestino, como "parece" com um nordestino, de acordo com o estereótipo. Baixinho, cabeça grande, sotaque pesado, o "perfeito Paraíba", que teria ido embora fugido do "frio" de Curitiba, na visão dos imbecis.

E pensar que o Furacão tem entre os jogadores mais vencedores de sua história um trio nordestino. Os alagoanos Adriano e Flávio e o maranhense Kléber. É melhor não tentar entender.

Nos dois casos, podem ter sido situações isoladas, pouco representativas. Ou a expressão do que muita gente gostaria de ter dito, mas engoliu de vergonha. De certo, somente que o racismo está à espreita. No Couto, na Baixada ou na Vila Capanema.

E aí, vamos ficar falando só do Real Garcilaso?

#FechadoComAdriano

Modifico a hashtag que bombou pela internet condenando o racismo (#FechadoComTinga) para tratar do Adriano. A semana iniciou com um papo de que o Imperador teria apavorado na "náite" curitibana. Não quero saber se é verdade ou mentira e nem tenho o mínimo interesse no "Jornalismo Fifi", que se abastece de fofocas da vida pessoal dos boleiros. Da minha parte, sigo firme na torcida pela recuperação do atleta e, principalmente, da pessoa, que parece ser muito gente fina.

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