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Peço licença aos leitores para empurrar o futebol pa­­ranaense para o rodapé da coluna. Fiquei chocado com a morte de Wendel, jogador do time sub-15 do Vasco, no CT das categorias de base do clube, na zona oeste do Rio de Janeiro. O primeiro relato que eu li tinha apenas quatro parágrafos, cerca de dez linhas. Poucas vezes vi tantos absurdos relatados em um es­­paço tão pequeno. Absurdos confirmados e detalhados mais tarde, com a ampliação da notícia.

O treino foi realizado no meio da manhã, debaixo de um sol de rachar, em uma região do Rio de Janeiro "quente como o deserto do Saara", como uma colega de trabalho carioca definiu o distrito de Itaguaí. Não havia médico no local, como é frequente nos treinos das categorias de base do clube; o treinamento da tarde foi suspenso porque não tinha almoço para os garotos (também não teve jantar na quarta-feira nem café ontem pela manhã); o centro de treinamento pertence a um empresário, que cede o espaço em troca de 10% dos direitos econômicos dos jogadores que saírem dali.

Difícil ver outro relato tão fiel e trágico da realidade do futebol brasileiro. Com raras exceções (e Paraná, Atlético e Coritiba estão entre elas), os clubes cuidam muito mal dos seus meninos. A estrutura para as categorias de base no geral é precária, com alojamentos caindo aos pedaços, alimentação preparada sem muito cuidado (quando existe) e livre circulação de empresários, dispostos a fazer qualquer tipo de negócio para, mais adiante, lucrar com a venda dos garotos.

A educação, quando não é ignorada, é trabalhada "com o regulamento debaixo do braço", somente para atender o mínimo que a legislação permite. Existe apenas a preocupação em formar o jogador – e que ele dê retorno rápido –, não um cidadão que consiga viver em um mundo fora do futebol, seja porque não chegará ao profissionalismo, seja porque, perto dos 40 anos, precisará arrumar outra ocupação. Uma máquina de formar boleiros, que deixa dezenas de vítimas anônimas pelo caminho. Algumas, como Wendel, se tornam conhecidas. Que ao menos seja a troco de alguma mudança real na estrutura do futebol nacional.

Ele e mais 10 – I

Homem de confiança de JR Carrasco, Martín Ligüera estreou com gol e grande atuação. Será titular do Atlético. Resta saber quem sai. Acho que sobra para Harrison – o meio ficaria com Deivid, Paulo Baier e Ligüera. Com o uruguaio na área e Harrison se firmando, faz sentido manter Marcinho?

Ele e mais 10 – II

Aos 35 anos, Tcheco é, hoje, o único jogador insubstituível no Coritiba. Os piores momentos do Alviverde na temporada foram com ele no banco. Nem Tcheco imaginava chegar ao (provável) último ano da carreira com este status.

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