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Há duas situações que, combinadas, eliminam a zebra do futebol. É quando um time mais forte tecnicamente desenvolve uma capacidade tática superior à dos concorrentes. Aí o futebol vira basquete. Imagine um playoff de NBA: o melhor sempre vence. São sete jogos com a pontuação construída por uma repetição de movimentos que valoriza a técnica e a estratégia, sem margem para zebra.

Um campeonato de pontos corridos é um playoff de 38 rodadas, em que técnica e tática têm peso muito maior do que a sorte. Na Série B deste ano, apenas dois times têm capacidade de trazer a lógica do basquete para o gramado, Palmeiras e Paraná. Com 62 pontos, não há desastre capaz de impedir o acesso do Palmeiras. O Paraná, na segunda metade do primeiro turno, imprimiu o mesmo ritmo. É o segundo melhor elenco da Série B e caminhava firmemente para reproduzir essa condição na tabela.

Algo no caminho se quebrou. Mais ou menos no momento em que o jogo em si deixou de ser a maior preocupação. Houve a justa reclamação por salários em dia, a necessária convocação dos torcedores, a ciranda de patrocínios que transformou a camisa paranista em rifa – a ponto de até empresário de jogador ter sua vez –, a tentativa de abafar qualquer voz que fugisse do elogio unânime. Subir passou, inconscientemente, de necessidade a formalidade, um desaforo que o futebol não admite.

O Paraná segue com as mesmas ferramentas. Conseguiu segurar absolutamente todo o elenco, mesmo com o assédio da Série A. O acesso continua ao alcance do Tricolor, mas isso precisa voltar a ser, sem margem para dúvida, uma obsessão na Vila Capanema.

Não sou daqueles que consideram que o time já virou o fio. Também não concordo com quem diz que, se não subir agora, nunca mais, pois será difícil mobilizar o torcedor novamente. No mínimo o Paraná já deixou um caminho sólido para repetir no caso de fracasso. Mas, com o acesso tão perto, melhor não pagar para ver.

Rodada

O Coritiba evolui com Chamusca. O Atletiba e o jogo contra o Santos tiveram um time com espírito de briga contra o rebaixamento. Em circunstâncias normais, seria permitido perder para o Vitória. Mas a classificação e o empate com os baianos no Couto obrigam o Coxa a voltar com um ponto que seja de Salvador, para não levar uma pressão absurda para o confronto direto com a Ponte Preta.

Paulo Baier deve voltar ao Atlético contra a Portuguesa. A lógica das escalações de Mancini indica esse retorno natural. A não renovação de Baier – uma rara discussão pública no Atlético de hoje – torna essa volta necessária. É para apagar qualquer sombra de que o clube, deliberadamente, vá abrir mão do jogador antes da hora por ele ter trazido à tona a saída. Não renovar com Baier é uma decisão estratégica do Atlético que pode ser questionada, mas deve ser respeitada. Desistir dele agora seria por em risco uma vaga na Libertadores que o Atlético tem bem firme nas mãos.

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