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Algumas situações mostram exatamente como funciona o futebol da porta do vestiário para dentro. Vejam esse episódio do direito de imagem do Coritiba. Na teoria, um problema de cinco jogadores: Deivid, Lincoln, Keirrison, Chico e Leandro Almeida. Na prática, virou uma briga sadiamente comprada por todos. Pois se um clube hoje muda no meio do caminho um acordo com cinco, amanhã pode fazer algo que atinja a todos.

O tema vinha sendo tratado há algumas semanas dentro do clube. E esquentou de vez quando Vilson Ribeiro de Andrade disse, para esta Gazeta, que o Coritiba só considerava direito de imagem atrasado como dívida se o clube explorasse a imagem do jogador. Se o presidente considerou a imprensa um caminho adequado para discutir a questão, o mesmo poderia ser feito pelo elenco. Quase foi. Até o último momento, o time considerou a hipótese de enviar a carta se posicionando sobre direito de imagem primeiro para a imprensa. Acabaram enviando para Vilson e é na mão do presidente que o documento deve morrer.

Evita constrangimento ao Coritiba e aos jogadores. Enquanto o elenco comprava o barulho de um grupo pequeno, quem era diretamente afetado se virava por fora. Deivid só foi falar para Alex em via judicial na quarta pela manhã, quando Gislane Nunes já estava no fórum protocolando a ação. Somente ontem, na concentração, o time coxa-branca soube que Marcos Malaquias estava acertando a situação de Keirrison – que passa por uma renovação de contrato. E que Lincoln passou parte do dia em reunião com Vilson. Se não acertar com o Bahia, fica no Coxa dentro da nova política de direito de imagem incorporado ao salário.

O elenco alviverde serviu de escudo para os cinco jogadores. Nenhum problema. Qualquer disputa patrão-empregado precisa desse respaldo coletivo para resguardar o direito individual. Faltou apenas avisar de maneira mais clara o que estava sendo feito, especialmente da parte de Deivid. Uma ação judicial não se decide da noite para o dia. E o próprio Deivid havia instigado uma paralisação do elenco para pressionar a diretoria a, diga-se, fazer o óbvio: pagar o direito de imagem.

O Coritiba fez o certo da maneira errada. Em regra, o futebol usa o direito de imagem para pagar menos impostos. Moralizar esse pagamento fará bem à relação de trabalho clube-jogador. Mas mudar uma regra no meio do caminho é imoral e o clube, fatalmente, pagará por isso. Seja no tribunal, onde tentará comprovar sua tese diante da advogada que melhor explorar as barbeiragens dos clubes. Seja no mercado. Deivid veio jogar no Coritiba confiando na promessa de que receberia em dia. Não foi o que aconteceu. Esta falha já é de conhecimento de toda a boleiragem. Caberá ao Coritiba trabalhar novamente para mostrar que vale a pena receber menos para jogar no clube do que vestir uma camisa mais pesada e acumular dívida trabalhista.

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