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O cenário bem que poderia ser o Pinheirão. Não o gramado esburacado, mais propício ao golfe, com acesso por aquele corredor apertado e úmido com uma grade no chão e água logo abaixo. Mas sim o terreno ao lado. Não o do mercadão de automóveis, que aos sábados dá a impressão de que hoje, sim, teremos casa cheia para o futebol. Mas aquele mais amplo, onde circos fazem rodízio para se apresentar ao longo do ano.

As atrações principais? Paraná e Coritiba, que fazem nesta tarde o clássico de abertura da Copa dos 100 anos (sic). Será às 15 horas, lá na Vila Olímpica do Boqueirão, oficialmente chamada Erton Coelho Queiroz, ex-presidente do extinto Pinheiros.

Se você, leitor, tiver interesse em ir ao estádio, desista. Vai dar com a cara no portão. Atarefada com a eleição e o neoclássico Atlético x São Paulo, a Polícia Militar foi bem clara: ou muda o horário do jogo ou não haverá efetivo disponível.

A Federação Paranaense de Futebol respondeu com a mesma clareza: fechem os portões. Afinal, a programação da FPFTV não pode ser prejudicada por um clássico às 11 horas da manhã. Um péssimo vício para um canal que acaba de nascer. E olha que não há nem uma grade rígida para justificar a manutenção do horário.

Mesmo que os portões fossem abertos, poucos se interessariam pela partida. No máximo 200 torcedores, segundo estimativa da diretoria tricolor repassada à PM. O leitor mais atento já percebeu que o clássico vai começar uma hora antes do duelo entre Inter e Paraná e 16 horas e meia depois de o Coritiba enfrentar o Santo André (ganhou? Perdeu? Empatou? Não sei. Escrevo bem antes de a bola rolar no Alto da Glória). Restará aos rivais mandar a campo seus times B.

É dessa maneira errante que começa a Copa dos 100 anos. Um torneio interessante na sua essência, pois dá um calendário mais amplo aos pequenos e permite aos grandes observar talentos da base e jogadores em teste numa competição de verdade. E ainda há o bônus da vaga na Copa do Brasil 2008 ou na Série C 2007.

Mas como quase tudo que sai dos corredores da FPF, o torneio esbarra em detalhes incômodos. O primeiro é o nome, alusivo a um centenário que a própria entidade admite que não existe.

O segundo é a sanha em fazer o torneio para a FPFTV, uma idéia boa, mas que se desvirtua quando seu próprio idealizador elege como público alvo do canal os empresários. O torneio, então, passa de disputa entre clubes para showroom de jogadores, quase um concorrente para o Canal do Boi.

Precavido que sou, me inscrevi na FPFTV. Essa semana recebi um e-mail com o meu número de cadastro: 161. Diversão garantida para a folga deste sábado. Enquanto não me pedirem o número do cartão de crédito, vou estourar uma pipoca, abrir um guaraná e assistir ao espetáculo (no sentido mais circense da palavra).

Que sábado!

Só pode ser masoquismo dedicar 2.700 caracteres para um clássico B de portões fechados e 500 para os jogos de tirar o fôlego que teremos neste sábado. Atlético e São Paulo será uma partida com a cara da Baixada: casa cheia, torcida enlouquecida, time guerreiro. Cravo coluna um seco. E dou um gol de lambuja para os tricolores.

No Beira-Rio, o Paraná não deve encarar o jogo com o Inter como um bônus. É a partida que vai dar o impulso necessário ao Tricolor na corrida pela vaga na Libertadores. O único grande que os paranistas venceram fora de casa foi o Flamengo. Hoje é o dia do segundo triunfo? Aposto que sim. Coluna dois seco.

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