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O Coritiba segue sua cruzada filantrópica na Série B. Depois de afastar o Brasiliense da zona de rebaixamento e dar ao São Raimundo um caridoso empate no Alto da Glória, premiou o Ituano com sua primeira vitória no Novelli Jr. – e ainda deu ao "gigante guerreiro", como dizia uma faixa pendurada no alambrado do estádio vazio, uma esperança de não cair para a Terceira Divisão.

Como se não bastasse futebol cada vez pior, o Coxa mostra uma nova face, a omissão. Da mesma maneira que se esconde em campo, o time agora foge da torcida. Já havia mudado o local do embarque (às 7 horas da manhã de quinta-feira) do Couto Pereira para o CT.

Ontem, saiu direto do estádio para Curitiba, tudo para chegar às 5 horas da manhã e fugir da prometida manifestação dos torcedores. Não é se escondendo que o Coritiba conseguirá a tranqüilidade que precisa para reencontrar o futebol eficiente de julho e agosto.

O último grande herói

Romário é um dos heróis da minha adolescência. A atuação do Baixinho contra o Uruguai, em 1993, pelas Eliminatórias da Copa de 94, é a melhor exibição individual de um jogador que alguém que não assistiu a Pelé e Garrincha em ação poderia ver. Seus gols no Mundial dos Estados Unidos soavam como uma carta de alforria para comemorar os suados triunfos daquela seleção brasileira.

Romário encontrou a combinação perfeita entre o talento e a rebeldia necessária para impor suas concepções, como ele mesmo gosta de definir, diante dos "professores". Um exemplo ideal para quem está com os hormônios à flor da pele.

Entre 1985 e 2001, Romário foi o melhor jogador de área entre os que eu vi – e não vi – jogar. Como cantavam as torcidas cariocas, o Baixinho era "chapa quente". Poderia muito bem ter se despedido no fim de 2001 como artilheiro do Campeonato Brasileiro e a sombra que perseguiria – mas não atrapalharia – Felipão e sua família na preparação final para a Copa da Coréia e no Japão.

Mas Romário não soube parar. Insistiu em dar ouvidos à imprensa festiva e alimentou o sonho de disputar o seu terceiro mundial. Pior que isso, só a patética corrida pelos mil gols, que fez ele incluir em estatísticas oficiais partidas como amador e o obrigou a ter um fim pouco digno de carreira.

Só neste ano, Romário incluiu na sua conta gols pelo Vasco em jogos-treino transformados em amistosos, recorreu a uma liga menor dos Estados Unidos e negocia para defender um clube da Austrália. Agora, fala-se até no Baixinho defendendo o América no Campeonato Carioca de 2007 para agradar ao seu pai, americano fanático, e chegar ao milésimo gol.

O pior de tudo é que Romário está manchando o seu currículo. A molecada de 14, 15 anos, que começou a acompanhar futebol para valer de 2000 para cá, não conhece o Baixinho grande matador do futebol mundial, mas sim o ex-atleta que insiste em não pendurar as chuteiras. O filho mais velho do atacante, Romarinho, é dessa faixa etária. Talvez seja preciso uma chacolhada do garoto para que Romário perceba o crime que está cometendo contra a sua história.

O choro de Caio

Caio Júnior chorou após a vitória sobre o Fortaleza. Não só por voltar a vencer de maneira convincente, mas também por aliviar a pressão que um setor do clube começava a fazer para derrubá-lo. São as mesmas pessoas que criticavam Barbieri, Lori Sandri, Paulo Campos e quase todos os outros treinadores que passaram pelo clube recentemente. E são as mesmas pessoas que estão insatisfeitas com a saída de Maicosuel do time titular.

O colunista Carneiro Neto está de férias.

Leonardo Mendes Júnior é editor de Esportes da Gazeta do Povo.

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