• Carregando...

Em uma tentativa desesperada de salvar o Atlético e a si mesmo, Sérgio Soares esbravejou com o time no intervalo do jogo em Cascavel, co­­mo jamais havia feito em ne­­nhum outro momento da sua passagem pela Baixada. O tratamento de cho­­que claramente não deu resultado, o empate do intervalo virou derrota ao longo do segundo tempo. Sérgio Soares voltou para Curi­­ti­­ba no ônibus, abatido, com a cla­­ra consciência de que sua trajetória no Rubro-Negro havia acabado moralmente no Estádio Olímpico.

Sérgio Soares não deu certo no Atlético. Em momento algum teve o controle total do elenco. Seus bons resultados derivaram diretamente do caminho deixado por Carpegiani. Quando foi necessário dar sua cara ao time, falhou. Falhou na remontagem da defesa. Falhou ao tentar manter a equipe equilibrada com Paulo Baier, Bran­­quinho, Madson e Guerrón em campo ao mesmo tempo. Fa­­lhou ao não conseguir fazer com que um deles entendesse que po­­deria ser importante mesmo fi­­cando no banco. Falhou ao não disseminar no elenco a consciência da sua real capacidade, de que para ganhar é preciso correr muito mais do que dar toques de efeito e apostar em uma qualidade individual que às vezes simplesmente não existe.

A manutenção de Sérgio Soares já seria indefensável por ele não conseguir fazer o quinto melhor time do último Campeonato Bra­­si­­leiro vencer Arapongas, Ope­­rário e Cascavel. Mas muito pior é a clara incapacidade do técnico em fazer o Atlético jogar como Atlé­­tico. O principal problema é a indolência em campo, uma atitude que beira à soberba de quem acha que decidirá o jogo quando bem entender.

Dois lances da partida de Cas­­cavel simbolizam esse cenário. No início da jogada do primeiro gol, Rafael Santos tenta matar no peito uma bola facilmente rebatí­­vel de cabeça, o Atlético perde a bo­­la e na sequência ela vai parar na sua rede.

No fim, com a derrota encaminhada, Paulinho arrisca um passe de calcanhar quando o mais lógico seria o toque di­­reto, sem o virtuosismo que não combina com quem está em desvantagem.

É provável que o substituto seja um técnico linha-dura, fórmula que funcionou bem no Atlético nos últimos anos (vide Lopes e Eva­­risto). Um choque desses até pode dar resultado imediato, mas cria uma dependência perigosa. Não pode ser refém de sargentões fora de campo como é das bolas paradas dentro dele. Em qualquer circunstância, a solução é ter um elenco capaz de funcionar em qualquer situação.

No devido lugar

O trabalho de Sérgio Soares no Atlético merece muito mais críticas do que elogios, isso é evidente. Mas preocupa quando essas críticas vêm carregadas de conotação política, usadas para atacar um grupo, defender outro. Não se po­­de entrar na pilha do "quanto pior, melhor".

O Atlético só sairá perdendo com isso.

Veja também
0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]