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Volta e meia os fantasmas do famigerado ano de 2009 voltam a as­­sombrar o Coritiba. Seja qual for o desfecho da negociação dos direitos de transmissão do Brasileiro do próximo triênio, o Coxa partirá com saldo negativo. O Coritiba está no grupo de clubes que adiantaram cotas do Nacional de 2012. Exatamente. Dinheiro cuja procedência ainda está sendo definida já foi parar nos cofres alviverdes, informação confirmada à coluna por Vil­­son Ribeiro de Andrade. Outros 17 integrantes do C13 usaram o mesmo expediente. Atlético e São Paulo são as exceções.

O dinheiro foi fundamental para colocar a casa em ordem em um clube rebaixado, com receita de patrocínio antecipada, uma punição de perda de 30 mandos de campo e sem perspectivas de melhora a curto prazo. Inevitável associar esse adiantamento ao posicionamento do Coxa na negociação.

O clube garante que não, em­­bora saiba que ao conversar diretamente com as tevês, contribui para aumentar o risco de o Bra­­sileirão caminhar lentamente para uma disputa restritíssima. O poder de barganha dos times do Rio e de São Paulo é infinitamente maior, pois são eles que dão mais audiência. Mesmo assim, para o Coxa, vale correr o risco em nome de: ter voz na ne­­gociação, restringir as transmissões de jogos de times de fora para o estado e defender uma espécie de "seguro-rebaixamento", em que os rebaixados não sofram um corte tão brusco na arrecadação de tevê – hoje ele é de 50%.

Há dez anos, o Real Madrid conquistou seu 28.º título espanhol em uma acirrada disputa com o La Coruña. Ao Barcelona, coube jogar um playoff com o Valencia para fisgar a quarta vaga do país na Liga dos Cam­­peões – na verdade, na fase preliminar da LC. Cenário inimaginável hoje, em que vencer La Liga virou um par ou ímpar entre blancos e blaugranas.

O que mudou primordialmente neste período foi a distribuição do dinheiro de tevê, que há sete anos é negociada diretamente pelos clubes. Real e Barça receberam, cada um, € 140 mi­­lhões de euros na temporada passada. No patamar abaixo estão Atlético de Madrid e Valen­­cia, com € 42 milhões. Uma diferença de quase € 100 milhões, que faz pipocarem pelos estádios espanhóis faixas com a frase "Não queremos uma liga escocesa" – em alusão ao duopólio Ran­­gers-Celtic na terra do uísque. A história está contada e detalhada no site Balípodo, do jornalista Ubiratan Leal.

A forma como o contrato de tevê for fechado pode colocar o futebol brasileiro no mesmo caminho. Embora o Coritiba saiba disso – e que estaria no amplo bloco dos prejudicados –, sua história recente talvez tenha deixado o clube sem outra opção. É a prova de que o preço de más administrações é cobrado a longo prazo, mesmo se a reação em campo for imediata.

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