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Falar com José Carlos Farinhaki na sexta-feira me levou ao limite da emoção com que se pode praticar o jornalismo. É o tipo de entrevista que faz o profissional de olheiras fundas e cada vez mais cabelos brancos reencontrar o piá do Santa Cândida que se apaixonou por futebol graças aos times, histórias e personagens da virada dos anos 80 para os 90.

Farinhaki é uma dessas figuras, e, só fui me dar conta na volta para a redação, que jamais tinha o encontrado pessoalmente. Talvez por isso tenha sido surpreen­­­dente ver que a figura em pé na porta de vidro do pré­­dio na Angelo Sampaio estava exatamente igual à da minha memória. Ele parecia ter saído diretamente da tela do Globo Esporte, onde seus causos enriqueciam as crônicas das terças-feiras, ou do Mesa-Redonda, onde foi tantas vezes para defender a volta do Atlético à Baixada contra Onaireves Moura, na época poderoso, deputado federal e amigo de Ricardo Teixeira.

É o caminho aberto por Farinhaki que levará os atleticanos à Arena padrão Fifa amanhã. Pode parecer um choque para quem prega que não existia Atlético antes de 1995. Havia uma história riquíssima e uma paixão incontrolável por um time que, como a própria torcida estampou em adesivos, não prestava, mas era amado.

O jogo de amanhã sem dúvida será um marco. A Arena que o torcedor rubro-negro passará a frequentar é um produto de valor inestimável, capaz de levar o Atlético a outro patamar, desde que se combine a velha paixão com o novo produto. O velho Farinhaki conhecia muito da paixão. O moderno Petraglia sabe tudo do produto. É preciso combinar os conhecimentos na dose certa para dar esse salto, ou o Atlético será sempre o time do futuro.

Menos Facebook

A torcida do Paraná deixou para depois uma das iniciativas mais bacanas do ano, de juntar o lixo da Vila Capanema ao fim do jogo. Os japoneses fizeram isso na Copa e todos acharam o máximo. Seria o mesmo com o Paraná. Um dos motivos para o adiamento, soube, foi o que escrevi na sexta-feira, um elogio à atitude constante da torcida paranista em defesa do clube. Algum iluminado não gostou da correlação entre a mobilização e os problemas financeiros do clube.

Então, vamos recapitular. A mobilização começou depois de o estádio ficar sujo. Deixar o estádio sujo foi uma forma de protesto dos funcionários que deveriam executar o serviço. Os funcionários que deveriam executar o serviço não o fizeram porque estavam com salário atrasado. Logo, sem salário atrasado não haveria protesto, lixo acumulado ou mobilização da torcida.

Talvez tenha pesado na cabeça de alguns a repercussão entre os amigos no Facebook. Ninguém quer ser "zoado pela galera no Feice", mesmo que seja com uma atitude exemplar, para ajudar o clube que ama. Felizmente, os paranistas demonstram há mais de ano que tem muito mais deles preocupados com o clube do que com curtidas, cutucadas e compartilhamentos.

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