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A Premier League é a liga mais rica do mundo não apenas pelo dinheiro que movimenta em grandes contratos. Os ingleses ganham dinheiro também nos detalhes. A EPL tem uma divisão de responsabilidade social, com um executivo muito bem remunerado. Ele cuida para que todos os clubes tenham projetos de inserção na sua comunidade. O raciocínio é simples: ações específicas e a prática contínua da responsabilidade social melhoram a percepção que o torcedor tem da Liga. Com uma percepção melhor, os torcedores se sentem mais estimulados a frequentar o estádio, consumir produtos dos clubes e da competição. Ou seja, mais dinheiro em caixa.

Uma das muitas faces do slogan "Mais que um clube" do Barcelona é a preocupação com o desempenho escolar dos meninos da base. Esse acompanhamento fez com que rapidamente chegasse ao clube um diagnóstico de que o argentino Lionel Messi, recém-chegado à Espanha, tinha problemas de autoestima. O Barça custeou tratamento psicológico para o pré-adolescente Lionel. O que Messi deu de retorno ao clube provavelmente pagaria tratamento psicológico a toda a população da Catalunha por algumas décadas.

Alex gosta de falar de um moderno equipamento de fisioterapia usado para tratamento no Fenerbahçe. Era uma cinta acoplada a uma espécie de calça, ambas presas a uma esteira. O jogador vestia a calça e corria sobre a esteira sem tocar os pés nela. Assim, poupava as articulações dos joelhos e tornozelos. O "brinquedinho" custava alguns bons milhares de euros, mas foi uma das explicações para Alex atravessar quase nove temporadas na Europa com raras contusões.

Quando chegou ao Atlético, no fim dos anos 90, Adriano Gabiru demorou a render o futebol promissor apresentado no CSA. Exames médicos detectaram que um grave problema dentário atrapalhava seu rendimento. Gabiru tratou os dentes, seu futebol melhorou e ele virou um dos ídolos rubro-negros na virada do século.

Um executivo cuidando de responsabilidade social, um psicólogo, um equipamento de fisioterapia e um dentista. Não há torcedor que ponha qualquer um destes itens na lista de contratações do seu clube. Aceitável para a turma da arquibancada, mas não para dirigentes. Quem gerencia um clube precisa ter sangue frio para fazer investimentos que não fazem a torcida ir buscar ninguém no aeroporto, mas se traduzem em lucro esportivo e financeiro no médio e longo prazo.

Digo isso porque as duas chapas do Coritiba prometem contratar um CEO. Ter um executivo remunerado é um passo importante na profissionalização de qualquer clube. Tão importante quanto não fraquejar quando o time ficar três jogos sem ganhar e o primeiro torcedor ou comentarista falar que com o salário do CEO dá para pagar um centroavante. É o momento em que o discurso profissional precisa engolir a prática amadora. Quem quer futebol hoje não pode mais viver só de venda de jogador, bilheteria e receita de tevê.

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