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Impressiona que metade do Campeonato Paranaense tenha ficado para trás sem um grande escândalo. Os últimos anos nos ensinaram a esperar sempre o pior da competição. Manipu­­lação de resultados via arbitragem, gols em que a bola não entrou sendo validados e a rainha das aberrações, o supermando. Aconteceu de tudo com o Estadual. Em 2011, apenas os problemas normais: técnicos demitidos, falhas de arbitragem dentro da "margem de erro", algum grande dando vexame (na verdade, dois deles).

Reduzir o número de participantes foi fundamental, embora 12 ainda seja demais – com 10 clubes o nível subiria e haveria mais tempo de pré-temporada. O trauma do supermando também possibilitou um regulamento mais simples, que beira o simplório, a ponto de nem valer saldo de gols na final.

Exatamente por isso o Coritiba deve ter cuidado ao definir seu grau de empenho no segundo turno. Claro, muito mais importante jogar a Copa do Brasil para ganhar do que empilhar mais um troféu doméstico. Na dúvida entre descansar o time para uma viagem no torneio nacional e colocá-lo para jogar no Paranaense, a opção deve ser sempre pelo descanso. Mas o Estadual é a melhor chance que nossos times têm de ser campeão na temporada e ganhá-lo ao menos garante sossego para trabalhar no restante do ano – desde que não se crie a ilusão de ter um supertime nas mãos.

A classificação antecipada para a final deve ser encarada pelo Coritiba como um bônus, não como missão cumprida. Não vale a pena tirar o pé no returno se o único benefício ao time de melhor campanha será fazer o segundo jogo da decisão em casa. O primeiro turno mostrou um Coxa bem à frente dos rivais. O clube deve fazer essa diferença valer novamente e liquidar a disputa sem precisar dos dois jogos finais. Assim, dará à torcida a satisfação da supremacia local e ganhará duas semanas de preparação para o que realmente interessa na temporada.

Critério

Um ponto que quase não tem sido mencionado no debate sobre os direitos de transmissão do Brasileiro é o critério de divisão das receitas. Esse é o ponto que, na verdade, interessa para os clubes paranaenses. O Clube dos 13 se baseia em tamanho de torcida e índices de venda de pay-per-view para a partilha atual, critério que ficará ainda mais acentuado com a negociação individual – quanto maior o potencial de audiência, maior o poder de barganha.

É estranho e lamentável que ninguém fale em um rateio mais justo, em que se não toda, pelo me­­nos boa parte do bolo seja dividido igualmente entre os 20 clubes. O restante, aí sim, que seja destinado com base no desempenho dentro de campo e em índices de audiência. Clubes do eixo Rio-SP continuariam sendo beneficiados porque estão em um mercado mais forte, com mais chance de conseguir bons contratos. Acabaria um sistema hereditário que só aumenta o abismo entre os clubes brasileiros.

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