• Carregando...

O friozinho deliciosamente curitibano de todas as manhãs jogou uma cerração na bola de cristal. Então, infelizmente, não consigo ver quem será o campeão domingo. Mas é perfeitamente possível ouvir o tom das entrevistas naquele momento em que jogadores saem correndo por todos os lados, girando suas camisas e sendo abraçados por pessoas que você nem imaginava que trabalham no clube.

Criou-se, no futebol brasileiro, a cultura de que título é resposta a alguém ou alguma coisa. Uma minoria ainda cita diretamente o lançador da bomba motivacional. A maioria, porém, segue a linha do lateral Léo, do Santos, que adora dizer que "falaram um monte de coisa sobre a gente", sem dizer "quem" falaram ou especificar o que é esse "monte de coisa". É a desforra contra o sujeito oculto.

Podem apostar que alguns temas estão sendo – e ainda serão – martelados insistentemente na cabeça dos jogadores, em uma legítima lavagem cerebral. No Coritiba, que é um time que não evoluiu, que tem um técnico inexperiente, que tomou baile do sub-23, que o Pereira é velho, que o Escudero é descontrolado, que o Rafinha agita e não decide, que...zzzzz. Ops, perdão. No Atlético, que o sub-23 não valia nada, que bom mesmo é o time titular, que o Coritiba é favorito, que a arbitragem quer prejudicar o time e... zzzz.

É enfadonho, é repetitivo, mas funciona. E é uma grande pena. Há um hábito corrente no Brasil de só dar valor a títulos por fatores externos. Porque classifica para outra competição, porque alguém em algum momento menosprezou aquele time. Bobagem. Títulos valem por si só, mesmo dos maltrapilhos estaduais. Para o Coritiba, será um histórico tetracampeonato em cima do rival com um dos maiores ídolos de sua história em campo. Para o Atlético, quebrar essa sequência na casa do rival, com um time de garotos contra um elenco caro para os padrões locais. É isso que estará em jogo. Sem desforra, sem resposta, sem ladainha.

Batalha perdida

Alex Ferguson deixará o Manchester United após 27 temporadas. Levou quatro para conquistar o primeiro título. Mesmo acima da média, a longevidade de Fergie é um padrão no futebol inglês. E algo para fazer pensar no padrão de cobrança dentro do futebol brasileiro.

Técnicos são canonizados ou crucificados unicamente pelo resultado em campo, da maneira mais imediata possível. Observar o trabalho do dia a dia é impossível para quem está de fora, pela política de (cada vez menos) abertura das equipes. Restam três caminhos: seguir se apegando apenas aos resultados, aderir ao discurso oficial ou cruzar as amostras possíveis do dia a dia com os resultados e o discurso oficial. Seja como for, avaliar com justiça total o trabalho de um treinador no Brasil é batalha perdida.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]