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Pelas minhas contas, assisti a 9 das 16 disputas de título entre Atlético e Coritiba. A primeira foi em 1990, estreia em final. O jogo da desgraça de Berg e do estado de graça de Dirceu. Se havia algum pedaço da alma do garoto de 10 anos que ainda não havia sido tomado pelo futebol, esse território foi invadido e conquistado sem resistência no microfúndio de concreto que foi possível ocupar no estádio lotado.

A mais recente, ano passado, sentado ao lado do berço onde Helena, nascida um dia antes, dormia tranquilamente. E ficou claro que há algumas sensações na vida que nem um clássico em final de campeonato decidido nos pênaltis consegue reproduzir.

Esses dois clássicos acompanhei como "pessoa física". A maioria das sete decisões entre as de 1990 e 2012, assisti a trabalho, com papel, caneta e, eventualmente, microfone na mão. E aí o referencial é completamente diferente. A tensão e a entrega são as mesmas do torcedor e do jogador, mas a satisfação integralmente do trabalho, não do campo.

Lembro do Atlético x Paraná da rodada final da Série B 2012. Saí da transmissão esgotado como se tivesse jogado 120 minutos com uma bola de ferro amarrada no tornozelo. Um estado, eu só saberia depois, reforçado pela intoxicação alimentar adquirida na semana, mas que só se manifestaria a valer ao combinar-se à gripe que contraí por ter feito o jogo completamente encharcado.

O Atletiba deste domingo será a trabalho. E como o trabalho exige, não dá para ficar em cima do muro. Favorito? Coritiba. Vai ganhar? Não sei. Se tivesse poderes mediúnicos, usaria para apostar na Mega-Sena – ah, claro, e usaria o prêmio para financiar a paz mundial.

É fato que a distância entre Coritiba e Atlético diminuiu brutalmente. No primeiro turno, era 90-10 e o Coxa venceu, mas sem a dominância esperada. No returno, 60-40, e deu Furacão com chocolate. Agora, dá para cravar no máximo um 55-45. Diferença estreita demais para se tornar relevante.

Não dá para imaginar o Coritiba jogando tão mal como no último 21 de abril. Mas é perfeitamente possível imaginar a garotada rubro-negra jogando com a mesma dedicação física e tática daquela tarde na Vila Olímpica. Arthur Bernardes terá de administrar a goleada sofrida para o Operário, que trouxe para a superfície um time que passou a semana nas nuvens. Marquinhos Santos exercitará seus conhecimentos de EAD para treinar a equipe titular estando com o corpo na Paraíba e a cabeça na exótica ponte aérea Sousa-CT da Graciosa.

Tem Alex pela primeira vez decidindo um título contra o Atlético. Tem Douglas Coutinho encarnando o espírito de Joel e Dirceu, históricos carrascos coxas. Vanderlei e Santos; Willian e Foguinho; Zezinho e Rafinha; Deivid e Crislan. Candidatos a herói que, certamente, serão desbancados por um herói pouco cotado, como convém em decisão.

Histórias de mais um Atletiba que está só começando. A Dis­­ney­­lândia do futebol paranaense está aberta. Divirtam-se.

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