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A cada de dia se torna uma indecência maior a permanência de José Maria Marín na presidência do Comitê Organizador Local (COL). Que a CBF, entidade privada, embora à frente de um bem de interesse público, queira manter alguém intimamente ligado à ditadura militar, vá lá. A vergonha é quase exclusiva dos clubes e federações que o mantêm no cargo.

Mas dar poderes a Marín em um evento bancado pelo governo federal é uma vergonha para o país. É esquecer o atraso econômico, social e, principalmente, de respeito aos direitos humanos que o Brasil experimentou entre 1964 e 1985, com relevo maior nos anos 70, período em que Marín usou a Assembleia Legislativa de São Paulo para elogiar notórios torturadores e cobrar providências quanto ao caminho que Vladimir Herzog dava ao jornalismo da TV Cultura.

Discurso que, como tem sido amplamente divulgado, foi sucedido pouco depois pela prisão e morte de Herzog.

A Fifa, como sócia do governo federal na Copa, já teria dado ok para a troca, como revelou durante a semana a Folha de S. Paulo. Um respaldo dispensável. Deveria partir da presidência da República a exigência de que Marín seja despojado da chefia do COL.

Entre os possíveis substitutos, despontam Ronaldo e Leonardo, dois ex-jogadores, nomes que dariam um verniz esportivo a um cargo manchado por políticos (da bola ou não) – não esqueçamos que o ocupante inicial da função foi Ricardo Teixeira. As soluções, frise-se, não são as ideais.

Ronaldo precisa escolher entre ser empresário, comentarista ou membro do Comitê Organizador. Exercer as três funções ao mesmo tempo cria uma zona nebulosa em que não há fronteira eticamente clara. Leonardo, embora com um currículo estrelado, tem se notabilizado muito mais por ser um profissional de projetos de longo prazo que mais executa projetos de curto prazo.

Qualquer um deles, porém, é anos-luz melhor que o amigo íntimo da ditadura.

Ilusão de ótica

Cinco times disputam o título do returno do Paranaense a três rodadas do fim. A matemática indica a possibilidade de o título do segundo turno – e o do campeonato em si – estar em jogo em dois confrontos diretos da rodada final: Coritiba x Londrina e Operário x Atlético.

Estes fatos criam uma falsa impressão de qualidade do campeonato. Um torneio equilibrado não é necessariamente bom tecnicamente. É o caso do PR-13, cujo equilíbrio é fruto de um nivelamento por baixo. E mesmo com a régua em um patamar de estiagem, o Paraná não foi capaz de se por ombro a ombro com o sub-23 do Atlético. Sinal evidente de que o futebol tricolor começa 2013 em marcha ré.

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