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Tento entender o que passa na cabeça de um técnico da seleção brasileira. Não do fracassado Dunga, demitido no início da semana, mas de qualquer um deles. Pelo menos entre os mais recentes. Com todos os jogadores possíveis à disposição, não conseguem montar uma equipe que seja pelo menos razoável, apesar do inegável talento de alguns de seus convocados.

Claro que não é possível comparar as gerações mais recentes com o que já tivemos lá atrás, nos períodos de glória de nosso futebol. Não que o brasileiro tenha desaprendido o ofício, mas é que nos dias atuais não há mais tempo de lapidação e desenvolvimento de talentos, que são escalados como salvadores da pátria a partir dos 17 anos de idade.

Tudo tem seu tempo e o atropelo na queima de algumas etapas da evolução técnica dos jovens de hoje contribui para o extermínio precoce de craques em potencial. Em outras palavras, estamos matando a galinha dos ovos de ouro.

Mas, ainda assim, contamos com atletas de bom nível, que não conseguem render na seleção o mesmo que apresentam em seus clubes lá no exterior. E a razão? Incompatibilidade de funções. E não é de hoje, é de sempre.

O exemplo que sempre me vem à cabeça é o de Ronaldinho Gaúcho no auge de sua passagem pelo Barcelona, reverenciado como o melhor do mundo sem qualquer contestação. Pois bem, na seleção brasileira não era nem metade do que lá se exibia. Nem mesmo naquela campeã mundial de 2002. Por jogar fora de posição e de suas características, limitado para expor suas virtudes.

Era convocado pelo que jogava no Barcelona – caindo sempre da esquerda para o meio – mas chegava na seleção para jogar pela direita, encostado nos avantes. Tanto lá quanto agora, com os convocados recentes, a linha de ação dos treinadores é a mesma: a de adaptar os jogadores ao seu esquema de jogo e não o contrário, como seria de se recomendar.

Por causa disso, a seleção brasileira foi humilhada na copa de casa, em 2014, incapaz de mudar o padrão tático mesmo à beira do abismo. E Dunga, agora, dentre todos eles, foi quem mais deixou marcado esse item. Sem inspiração, sem criatividade, jamais conseguia conceber qualquer possível alternativa para surpreender o adversário quando este anulava seu esquema de jogo único. Tanto que foi eliminado pelo Peru sem utilizar dois jogadores do banco, que poderiam ter entrado. Assim como na derrota para a Holanda, em 2010, quando perdeu e não fez a última substituição.

Tite já é diferente – estudioso e moderno – e por isso é aceito como opção de mudança pelos brasileiros para uma sonhada ressurreição. Ele tenta tirar o máximo de cada atleta, moldando suas concepções de jogo ao melhor do material humano que tem. Funcionou no Corinthians, foi campeão mundial. Pode funcionar na seleção.

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