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E nada se decidiu no ­­Atletiba. Na expectativa de gols, nada ocorreu e o placar em branco não foi conveniente para nenhum dos oponentes da partida da noite, na Vila Capanema.

No primeiro tempo houve muita disposição, alguns arremates, uma bola na trave e um pênalti reclamado em Bruno Mineiro. No segundo, os dois técnicos priorizaram o ataque, enchendo de gente lá na frente para tentar concentrar as ações nas imediações das duas áreas. Houve número maior de chances, a participação dos dois goleiros e pelo menos uma defesa espetacular de Rodolfo.

Mas o atacante precisa ser abastecido e nem todos congestionados lá na frente conseguem resolver se não tiver ninguém que possa carregar a jogada até lá. Ficou um 0x0, que só foi comemorado pelos dois goleiros.

Difícil foi engolir a realidade que nos foi imposta sem anestesia: o clássico de uma torcida só. Se uma das fontes de alimentação do futebol é a troca de energia entre atletas e torcedores, privar uma torcida de ir a campo é começar a minar toda a estrutura da história vencedora de um esporte que de vez em quando se torna até maior que o país.

E não me venha com argumentos mercadológicos em nome de uma gestão moderna, comparando as administrações de nossos clubes com o que funciona muito bem lá fora, nos grandes clubes europeus, onde os jogos de torcida quase única são corriqueiros, como forma de garantir espaço a todos os associados que têm direito a se acomodar na praça esportiva.

Funciona lá fora, sim senhor, assim como o carnaval de lá tem uma meia dúzia de carros alegóricos, algumas máscaras e alguém batendo bumbo. E saem todos felizes assim mesmo. A cultura do brasileiro faz do nosso Carnaval um fato único (em todas as suas variações de estilo, conforme a região). Tanto quanto o comportamento do torcedor em campo, dividindo os espaços nas arquibancadas para torcer por seus times.

O que me espantou nesse vai-e-vem de decisões que culminou por determinar a presença apenas da torcida do mandante em campo foi a argumentação: falta de contingente para conter a violência. Por mais que a estatística re­­cente da própria polícia apon­­te para nível zero de ocorrências nos estádios ou cercanias em dias de clássico. Se o foco é esse, a solução seria impedir uma torcida de sair de casa e não de ir a campo.

Os problemas, os confrontos, a selvageria sempre ocorreram longe das praças esportivas – em Minas Gerais, onde a prática foi adotada sem resultados, torcedor de um clube foi morto por torcedores de outro em dia de jogo de torcida única. Torço mesmo para que nesse exato momento em que escrevo essas linhas não estejam acontecendo distúrbios e embates entre atleticanos e coxas em pontos isolados da cidade.

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