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O bom futebol também se faz fora de campo. Me­­­lhor dizendo: o bom fu­­tebol é todo feito fora de campo, pois a partir daí, lá dentro, tudo é consequência.

Tinha até imaginado outro assunto para essa nossa conversa aqui. Um balanço do campeonato estadual, que tem hoje a festa dessa Gazeta para a entrega dos troféus aos melhores da competição. Campeonato de bons destaques, um aqui, outro ali, mas completamente dominado pelo Coritiba, que sobrou na competição e deve ter a maioria absoluta dos premiados no evento dessa noite.

Mas a contratação de Éverton, pelo Coxa, me provocou a explorar outro tema: a diferença nas linhas de ação entre as diretorias de Atlético e Coritiba. Diferença esta que se reflete claramente em campo, na comparação direta entre as duas equipes. En­­quan­­to o Atlético projeta, discute e sonda, o Coritiba age. Age e contrata. E foi assim que ganhou mais uma e apresenta hoje o atacante do Caxias como novo valor para o Campeonato Brasileiro.

Era reforço tido como certo pe­­los rubro-negros. Mas nada de sair das palavras até se esgotar o prazo oferecido pelos gaúchos. Feito isso, um instante depois e a contratação era formalizada pe­­los alviverdes, que melhora ainda mais um grupo de jogadores já bem acima do nível do maior rival.

Qual seria a diferença? Modo de gestão, isso se torna evidente, mesmo a distância. Enquanto o Atlético tem várias pessoas ligadas ao departamento de futebol, orientadas para observar e indicar jogadores, nenhuma delas tem poder para fechar qualquer negociação. As decisões parecem estar centralizadas todas na figura do presidente e aí, quando há a necessidade de uma correção de rumo, a demora trabalha contra.

O Coritiba, de seu lado, delega poderes aos seus profissionais e responsáveis pelo departamento de futebol. A ponto de contarem com carta branca para aparar possíveis arestas que sempre sur­­gem em qualquer transação.

A reviravolta no caso Éverton, anunciado por duas semanas pe­­­lo Atlético e contratado pelo Co­­ritiba, me fez lembrar um episódio lá dos anos 60, quando os dois clubes se interessaram pelo zagueiro Roderlei, destaque do Grêmio Maringá no campeonato estadual. O Atlético anunciou que enviaria um emissário a Ma­­­ringá para fechar a contratação e pôs dois de seus dirigentes na Ro­­dovia do Café. Quando chegaram à Cidade Canção, Roderlei já estava em Curitiba, sendo apresentado pelo Coritiba, trazido em avião fretado pelo diretor Mu­­nir Calluf para defender o Coxa.

Mais de 40 anos se passaram e a história mudou muito pouco. E Éverton, que deveria alegrar a torcida atleticana como uma efetiva e real contratação, compõe o já forte grupo do Coritiba para a temporada nacional.

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