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Todos encantados com o futebol da Espanha. Novidade nenhuma para quem acompanha as apresentações do Barcelona, base desse time campeão mundial. É o que se ouve muito por aqui, entre nossos técnicos e jogadores: o tal de "valorizar a posse de bola". Só que do discurso à prática a distância é enorme e a seleção espanhola sabe muito bem como executar justamente por herdar o entrosamento que os sete jogadores do time catalão levam a campo.

Mas o brasileiro é engraçado em seus conceitos. Nem sempre o que vale para os outros é aplicável à nossa seleção. Essa tal posse de bola, por exemplo. No sábado, contra o Japão, quando nossos jogadores trocavam passes à espera de brechas a serem abertas na zaga contrária houve esboços das primeiras vaias no Estádio Mané Garrincha. Justamente pelo fato de o escrete nacional estar insistindo em manter a posse de bola em vez de arriscar jogadas para a área que pudessem gerar ações mais contundentes de finalizações.

É sempre assim que funciona, a partir dos nossos clubes. Não temos paciência para aguardar o melhor momento de chegar à área adversária e por isso temos no "chuveirinho" uma das alternativas mais utilizadas. No sábado mesmo, quando veio o recado da arquibancada contra a bola de pé em pé, nossos laterais começaram a lançar bolas altas lá na frente. Nenhuma delas aproveitada, é claro.

É que nossa cultura de futebol nos fez acostumar com artilheiros e goleadas. Dos tempos em que enfrentávamos ingenuidade lá do outro lado e que não se priorizava tanto o preparo físico na contenção de jogadas. Mesmo inferiores, jogavam e deixavam jogar. Foi assim que construímos um histórico de goleadas que ainda permanece vivo na memória dos mais antigos e nos relatos que chegam aos mais jovens.

Hoje os competidores, bem mais preparados, não permitem espaços para os dribles de outrora, pois se estabeleceu um sistema de cobertura do qual só se livra um supercraque – e de vez em quando. A posse de bola é, então, o melhor atributo a se explorar.

Às terças

Como deu para notar, esta coluna mudou de segunda para terça. É temporário, durante a Copa das Confederações.

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