E agora, como fica? O Atlético está na decisão da Primeira Liga e fico aqui tentando imaginar o que passa na cabeça dos insurgentes torcedores que chegaram a quebrar o vidro do ônibus que levou a delegação rubro-negra ao aeroporto, a caminho dessa classificação para a final.
Foi uma bela partida. O Atlético foi melhor, sabendo aproveitar a melhor bola. O Flamengo até manteve maior posse de bola, mas o goleiro que mais trabalhou foi Paulo Vitor, preciso nas defesas de arremates de Paulo André e (dois) de Pablo, que poderiam ter definido bem mais cedo a classificação atleticana.
Bom destaque: Marcos Guilherme voltou a jogar bem, o futebol que o levou à seleção brasileira. Fez um belo gol e pelo menos duas jogadas diferenciadas, que Pablo não soube aproveitar.
Agora vem a final. Será que os torcedores vão jogar pipocas?
A ira seletiva
O país está tomado pelas manifestações de intolerância. De lado a lado. A impressão que se tem é a de estarmos entre duas torcidas organizadas, que apoiam fervorosamente todas as decisões a favor e criticam qualquer posicionamento contrário aos seus preceitos. Não importa quais estejam respaldadas pela lei, pois, tudo o que for favorável vale, com interpretações diferentes e convenientes, conforme o personagem envolvido.
Parece tudo uma insana discussão sobre futebol, na qual todos entram tendo convicções fechadas, dispostos apenas a fazer valer seus pensamentos, custe o que custar – às vezes até uma longa amizade.
O futebol já vive esse clima de ira total contra os adversários e de instabilidade absurda quando o tema é seu próprio clube. A passagem do céu para o inferno não tem escala no purgatório. É oito ou oitenta.
O episódio protagonizado pela torcida do Atlético, anteontem, foi apenas o mais recente registro dessa intransigência. Chateados (com razão) pelo mau momento vivido pelo time, alguns rubro-negros decidiram partir para a pressão direta contra os jogadores, como se todos aqueles candidatos a ídolo tivessem, de repente, sido desprovidos de talento e criatividade, jogados à vala comum do futebol. Sim, Walter também foi cobrado com veemência pela turba que foi ao aeroporto. E as cobranças não são ponderadas, são agressivas e absurdas, como se o principal jogador do time tivesse, de repente, se transformado num bandido temido.
Aí o cara vai lá, entra na área, faz um golaço, recupera a boa forma técnica e aquele mesmo torcedor irritado que o ofendeu além do limite pede para tirar uma selfie para valer como troféu de conquista. Tudo muito natural, como se nada houvesse ocorrido. Como se o atleta (como todos nós, profissionais) não tivesse o direito de passar por momentos ruins.
A intransigência e a intolerância levam ao ódio, bem o retrato que hoje se faz do país.
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