Valência e um pouquinho de Le Mans

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Minha primeira cobertura de GP em Valência foi em 2009, prova marcada pela 100.a vitória brasileira na F1, quando Rubens Barrichello foi o primeiro colocado com sua Brawn GP. Além do número histórico, outra memória que tenho daquela corrida era o calor fora do comum mesmo para os padrões do verão europeu. Caminhar pelo paddock sob um sol escaldante acima de 35°C já parecia um exercício físico digno de um maratonista.

Pois bem, muita coisa mudou na F1 nestes últimos três anos, e até o GP de Valência, que antes era no final de agosto, agora será disputada amanhã. Mas o calor segue sendo um dos protagonistas. Mais rápido dos treinos de ontem, Sebastian Vettel, da Red Bull, chegou a dizer que a corrida será em um "forno".

Assim nem precisa ser muito especialista para imaginar que o desgaste de pneus será ainda mais acentuado. Ou seja, se os pneus Pirelli já têm a tendência natural de provocar uma queda de performance justamente para proporcionar mais imprevisibilidade, a expectativa é de novamente termos um GP com disputas acirradas.

Antes do sistema de asa móvel (DRS), Valência era uma daquelas provas onde largar na pole era fundamental. Não tenha dúvida que o treino classificatório de hoje será decisivo, mas também é bom contar com equipes que saberão poupar pneus para a parte final – e mais quente – da prova, como fizeram Sauber e Lotus no GP do Canadá, há duas semanas. Como os quatro pilotos destas duas equipes ainda não venceram neste ano, residem aí boas chances para o recorde histórico de vencedores diferentes da F1 continuar sendo ampliado.

Por falar em história, estive no fim de semana passado cobrindo a 80ª edição das 24 Horas de Le Mans, vencida pelo Audi R18 e-tron quatro. Foi a primeira vitória de um carro híbrido na famosa corrida, que, ao lado do GP de Mônaco e da Indy 500, integra o Grand Slam do automobilismo. O sistema de recuperação de energia (Kers) do carro vencedor foi desenvolvido em parceria com a equipe Williams de F1. Em tempos de Rio+20, o carro híbrido, com motor elétrico, vai ficando viável. E cada vitória nas pistas encurta o caminho para sua popularização.