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A traumática derrota do Coritiba para o modesto, mas competente Itagüí, da Colômbia, por 1 a 0, no Couto Pereira, traz à luz a imensa crise técnica que assola o futebol brasileiro. E não foi somente um clube brasileiro (há pouco líder do Campeonato Nacional) que entrou na roda colombiana. Em 2013 já vimos a seleção sub-20 nem sequer se classificar para o mundial da categoria, em uma campanha pífia no Sul-Americano, quando sucumbiu diante de adversários como Equador, Peru e Venezuela.

Algumas conquistas e desempenhos isolados tentam convencer do contrário. As últimas quatro edições da Copa Libertadores foram vencidas por clubes brasileiros. A seleção brasileira principal venceu a última Copa das Confederações, com direito a goleada na final em cima da toda poderosa Espanha. Mas o certo é que há muito deixamos de predominar no aspecto técnico, primeiro perante os europeus, e posteriormente os sul-americanos.

No confronto do Coritiba contra o Itagüí, a equipe visitante se impôs de forma categórica, tanto tática quanto tecnicamente. Sem nenhum esquema inovador (jogou no velho e bom 4-3-3), os colombianos marcavam com inteligência e empenho sem a bola, e de posse desta, trocavam passes, de pé em pé, lembrando o estilo brasileiro que parece perdido no tempo.

Organização e determinação na defesa; qualidade na manutenção da posse de bola e lucidez na meia-cancha; força, velocidade e movimentação constante no ataque. Receita simples, mas que resultou em um prato sofisticado.

E o Coritiba? E o futebol brasileiro? Média assustadora de passes errados por partida; falhas técnicas (como a do zagueiro Chico, no gol do Itagüí) em profusão; gols perdidos de forma bisonha, que alimentam o Inacreditável Futebol Clube a cada rodada; desaparecimento ou extinção da espécie "meia habilidoso e criativo"; aumento acentuado do número de super craques com mais de 35 anos, pois parecem ser os únicos a sobreviver em solo tão árido.

Precisamos urgentemente entender que os meninos de 10 ou 12 anos, antes de decorarem todos os esquemas táticos (4-4-2, 3-5-2, 4-2-3-1, 4-3-3, etc.) ou de correrem mais rápido e mais longe, serem mais fortes e mais potentes, precisam reaprender a dominar a bola, realizar um passe preciso, chutar, cabecear. E por tudo isso, sorrir. É... sorrir. Ter alegria em jogar bola.

Fazendo uma analogia com outra atração popular – o circo – é como se os donos destes estabelecimentos, resolvessem melhorar o seu empreendimento com a especialização dos domadores de leões, símbolos de força e tenacidade; e dos trapezistas, que por treinarem a exaustão, sempre estão no lugar certo, no momento exato. Mas esquecessem dos malabaristas, que encantam com o seu talento, com a habilidade em controlar pratos, bastões, bolas e arcos, soltos pelo ar, em movimentos lúdicos. E também dos palhaços, sinônimo de alegria, irreverência, ousadia e improviso. O circo necessita da mistura de tudo isso para sobreviver. O futebol também.

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