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Com o posicionamento dos principais atletas, contrariados com o calendário do futebol brasileiro (entre outras coisas), surgiram muitas ideias e sugestões sobre o tema. Algumas correntes sugerem o fim dos campeonatos estaduais como uma das soluções para a questão. Não compactuo com essa vertente, pois percebo mais malefícios do que benefícios nessa ação.

Como primeira questão, devemos analisar o impacto social da abolição dos campeonatos regionais. Seria o fim da grande maioria dos clubes de futebol do Brasil e, por consequência, o desemprego de milhares de atletas, profissionais das comissões técnicas e funcionários administrativos. Sem se levar em conta os empregos indiretos, que existem fundamentados nessas equipes de futebol.

Em seguida, faz necessário refletir sobre o afastamento de várias crianças e jovens da prática do futebol, pois sem os clubes locais, além do desestímulo, ficariam sem o espaço onde pudessem iniciar e desenvolver suas aptidões. A maioria dos atletas de futebol profissional surge nas equipes menores, de cidades pequenas, e migram posteriormente para os maiores clubes. Sem os times pequenos mata-se o ninho, o nascedouro.

Outro aspecto importante é a fidelização e a paixão do torcedor. Será que clubes como Atlético, Coritiba e Paraná conseguirão manter acesa a chama do amor de seu torcedor com um título a cada 10 ou 20 anos? Pois sem os Estaduais, restariam apenas as competições nacionais e essa é a média de conquistas dos nossos clubes. E sendo ainda bastante otimista. Corre-se o risco de que daqui a 20 ou 30 anos, muitos meninos e meninas torçam para os clubes mais vencedores, de fora do estado, e não para o "Trio de Ferro".

Defendo um ajuste no calendário, mas em sentido inverso. Buscar o fortalecimento das competições estaduais, estendendo-as pelo ano inteiro, com os clubes maiores de cada estado (que disputam as competições nacionais) entrando somente na fase final, mais curta que a atual. Um calendário anual para os clubes menores é fundamental para a sua manutenção e crescimento.

E que esses estaduais sirvam como parâmetros para uma Série D nacional, regionalizada e mais abrangente. Como exemplo, a 3.ª Divisão do Campeonato Espanhol, que é disputada por 80 clubes, em quatro regionais. No Brasil, poderia se pensar o mesmo, com mais clubes e mais regionais, já que o número de clubes e as distâncias são muito maiores. Seria o caminho para chegar às Séries C, B e A.

Enfim, existem muitas possibilidades para se ajustar e resolver a questão. O caso é se estabelecer um profundo debate sobre o tema. Inaceitável é simplesmente se decretar o fim dos estaduais, e com isso condenar à morte centenas ou milhares de clubes, com a justificativa de se privilegiar uns poucos. Seria a elitização maior do futebol. Esporte que começou nas camadas mais ricas de nossa sociedade, é verdade, mas que foi conquistado pelo povo. E ao lado do povo viveu seus momentos de glória.

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