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Corria o ano de 2006. Eu, ainda um foca (que no jargão jornalístico "qualifica" o profissional recém-formado), ganhei do amigo Leonardo Mendes Júnior a árdua tarefa de cobrir o Coritiba na Segunda Divisão. Se não bastasse, na administração Giovani Gionédis, um dos dirigentes mais contestados da centenária história coxa-branca.

Um período extremamente difícil, mas que, não tenho dúvida, me transformou em um repórter de verdade, capaz até de dispensar a alcunha de foca. Serviu também para ver de perto o nascimento de uma geração extremamente promissora no Alto da Glória. Renan ficou pelo caminho. Pedro Ken nunca se descolou da pecha de esforçado. Keirrison brilhou, foi artilheiro do Brasileiro, ganhou o mundo, mas voltou para o ninho com a sensação de que poderia ter ido muito mais longe, não fossem as contusões e uma certa indolência que o acompanham desde sempre.

Quase oito anos depois, quis o destino que o introspectivo Henrique, o menos badalado dos quatro, subvertesse a lógica e alcançasse o nível que se imaginava ser mais factível para o restante da turma. O zagueiro com cabelo estilo He-Man foi convocado ontem por Luiz Felipe Scolari e irá participar da segunda Copa do Mundo realizada no Brasil.

Chamado por ser homem de confiança de Felipão, apesar de esse colunista preferir o seguro Miranda, outra cria no CT da Graciosa, para a posição. Assim como gostaria de ver Filipe Luís para a reserva de Marcelo na lateral esquerda, as únicas divergências com relação à lista oficial.

Mas, voltando a Henrique, remexendo nos arquivos quase mortos do computador, recuperei uma entrevista que ele me deu em setembro de 2006. Dois trechos pinçados do longo bate papo entregam a preferência de Felipão pelo defensor do Napoli.

"Desde criança eu tento me inspirar no Edmílson, que está no Barcelona agora. Ele é o meu ídolo, especialmente pelo que fez na Copa de 2002", disse ele, quando perguntado sobre uma referência no futebol – Henrique tinha na época apenas 19 anos. Na sequência, ele respondeu à questão "Eu jogo como...". "O Edmílson de novo. Na Copa de 2002 ele era o terceiro zagueiro, função parecida com o que eu faço aqui no Coritiba. Procuro me inspirar muito no futebol dele."

Sem saber, foi essa idolatria ao ex-zagueiro do São Paulo que pesou na balança de Felipão para fechar questão em torno de Henrique. Mais do que conhecê-lo dos tempos de Palmeiras, o gaúcho sabe que pode contar com ele preferencialmente como zagueiro. Mas, se a necessidade pedir, escalá-lo também como volante. Ou lateral. Foi assim com Edmílson no Japão e na Coreia do Sul, há 12 anos, na caminhada que terminou com a conquista do penta. Questão de confiança.

Para um homem afeito a ritos como Felipão, não custa repetir o curinga. Para a sorte de Henrique.

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